Maioria dos refugiados vive em países em desenvolvimento

20/06/2009 - 10h22

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No fim de 2008, 42milhões de pessoas em todo o mundo viviam em lugares diferentes desuas origens devido a conflitos e perseguições. Vinte e seismilhões de pessoas estavam deslocadas entre as regiões do própriopaís onde nasceram e 16 milhões eram refugiadas ou pessoas que pediram acolhida em outras nações.

Conforme dados do relatórioRefúgio no Mundo – Tendências Globais, divulgado esta semana emGenebra (Suíça) pelo Alto Comissariado das Nações Unidas paraRefugiados (Acnur), quatro em cada cinco refugiados estavam em paísesem desenvolvimento. De acordo com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Acnur, os conflitos ocorrem em países em desenvolvimento eextrapolam as fonteiras. “Quando há um conflito de dimensõesmuito grandes, de impacto humanitário global, a vizinhança é aprimeira região afetada”, explica.

Quarenta e cinco por cento dosrefugiados, no ano passado, eram do Afeganistão (2,8 milhões depessoas) e do Iraque (1,9 milhão). “No Iraque e no Congo hásituações de violência generalizada. Grupos específicos sãoperseguidos por origem religiosa ou afinidade política”, assinalaGodinho, lembrando que ocorre na região “violação de direitoshumanos”. Além das populações dos dois países, havia em todo oplaneta 561 mil somalianos refugiados, 419 mil sudaneses, 374 milcolombianos e 369 mil congoleses, entre os principais grupos.

A Colômbia é o único paísamericano apontado com grupos populacionais em refúgio. Conforme oAcnur, o país tem 3 milhões de pessoas em deslocamento interno.As razões têm a ver com a atuação das Forças ArmadasRevolucionárias da Colômbia (Farc), de exércitos paramilitares eda repressão aos movimentos, segundo Ubaldo Steri, diretor daCáritas Arquidiocesana de São Paulo, que acolhe refugiados.

Para Luiz Fernando Godinho, édifícil nomear “um ator” responsável pela situação de refúgioda Colômbia. “O conflito é muito complexo, dura há mais de 50anos, é um conflito em que há diversas dimensões e muitos atores. Doponto de vista humanitário, não interessa se está fugindo de A ouB. O importante é que aquele cidadão ou aquela família perdeu asegurança ou a proteção do Estado e precisa buscar apoio de outrospaíses dentro do arcabouço da proteção internacional”.

Os principais países de acolhidaem 2008 foram o Paquistão (havia 1,8 milhão de pessoas refugiadasno país); Síria (1,1 milhão); Irã (980 mil); Alemanha (582,7mil); Jordânia (500,4 mil); Chade (330,5 mil); Tanzânia (321,9mil); Quênia (320,6 mil); China (301 mil) e Grã-Bretanha (292,1mil). O Brasil tem apenas 4.131 refugiados (dados do Comitê Nacionalpara os Refugiados – Conare).

No ano passado, a África do Sulfoi o país que mais recebeu solicitações de refúgio (207 milpedidos),  seguida de longe pelos Estados Unidos (49,6 mil solicitações)e a França (35,4 mil). O Sudão - em gerra civil há mais de 45anos - recebeu 35,1 mil solicitações de refúgio no anopassado. Segundo o Acnur, há mais de 2 milhões de deslocamentosinternos na região de Darfur, no sudeste do país. “Muitas vezes,dentro daqueles arranjos tribais dos grupos que são afetados, aspessoas acabam buscando refúgio no próprio país”, explica oporta-voz do Alto Comissariado.