Inca defende imagens de advertência também na frente de maços de cigarros

27/05/2009 - 15h08

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) quer que as indústrias decigarro exibam as imagens de advertência contra o fumo também na frentedo maço e não apenas no verso do pacote, como acontece hoje. Aafirmação foi feita pelo diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini,depois de ver os resultados de um estudo internacional feito no Brasile em mais 20 países.A pesquisa, coordenada pelo InternationalTobacco Control Policy Evaluation Project (ITC) e divulgada hoje (27),mostra que apenas 50% dos fumantes e 28% dos não fumantes notam, comfrequência, as advertências sanitárias nos maços. Uma das explicaçõespara isso, segundo o estudo, seria o fato de as imagens e frases quechamam a atenção para os riscos do fumo só serem impressas na parte detrás do maço. “É uma recomendação [do estudo] inteiramenteapropriada e nós vamos fazer todo o esforço para que isso sejautilizado também. Hoje isso é regulado pela vigilância sanitária, poruma legislação específica. Precisamos verificar o que vai sernecessário fazer, em termos de legislação, para que seja alcançado esseresultado”, disse Santini.O coordenador do ITC e pesquisador daUniversidade de Waterloo, no Canadá, Geoffrey Fong, afirma que aspessoas tendem a olhar mais a frente do maço do que o verso. “Como noBrasil, não há advertências na frente, elas não estão sendo vistas coma frequência devida. E pelo fato de serem tão fortes, o Brasil gostariaque mais pessoas vissem essas advertências com mais frequência. Alémdisso, nas lojas, apenas a parte da frente do maço é exposta”, disseFong.Os dados divulgados hoje são apenas preliminares, já quedas 1.800 pessoas previstas para serem ouvidas, apenas 717 responderamàs perguntas feitas pelos entrevistadores, nas cidades de São Paulo,Rio de Janeiro e Porto Alegre.Apesarde a pesquisa mostrar que é grande o número de pessoas que não olha comfreqüência para as advertências, também é expressiva a quantidade defumantes que sentem o impacto dessas mesmas imagens e frases. Segundoo estudo, 48,2% dos fumantes dizem que as advertências os deixam maispropensos a deixar de fumar e 39,1% afirmam que já deixaram de pegar umcigarro no maço depois de olhar para essas imagens e frases.Alémdisso, 61,6% dos fumantes e 83,2% dos não fumantes disseram que essesavisos já os fizeram pensar sobre os riscos do cigarro. E 91,8% dosfumantes ouvidos disseram que, se pudessem, voltariam atrás e nãoteriam começado a fumar. A pesquisa também constatou que égrande o número de pessoas que conhecem os danos à saúde provocadospelo cigarro. Entre os fumantes, 95% sabem que o fumo causa doençacardíaca e câncer de boca, 96% que causa câncer de pulmão em fumantes edeixa dentes escuros, 83,2% que causa derrame, 88,2% que provoca asmaem crianças, 81,9% que provoca impotência, 78,2% que causa câncer depulmão em não fumantes e 43,6% que causa cegueira.Entre osnão fumantes, o estudo indica que 99% sabem que o fumo causa câncer de pulmão em fumantes, 97,7% que causa câncerde boca, 95,5% que causa doença cardíaca e 93,7% que provoca asma em crianças.Para a técnica da Divisão deControle do Tabagismo do Inca Cristina Perez, a pesquisa mostra que oconhecimento das pessoas sobre a relação do cigarro com determinadasdoenças é grande. A exceção fica por conta da relação entre o fumo e acegueira. “Talvez seja necessário incluir informações sobre a cegueiranas próximas advertências”, disse.O governo brasileiro adotouas advertências sanitárias com imagens e frases de efeito em 2002,depois de assinar a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, quetambém tem outros países como signatários. "Ainda há desafios para oBrasil enfrentar, em um país onde cerca de 30 milhões de pessoas fumam.Mas o Brasil tem feito muito em suas políticas, especialmente no que serefere às advertências. As advertências brasileiras são provavelmenteas mais dramáticas e mais impactantes em todo o mundo", afirmou GeoffreyFong.