Pantanal vive período mais seco desde 1974 e futuro preocupa especialistas

09/05/2009 - 0h08

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Pantanalmato-grossense experimenta, em 2009, o período mais seco dosúltimos 35 anos e as mudanças climáticas podem tornar este tipo de fenômeno mais recorrente nas próximasdécadas. O alerta é do pesquisador da EmbrapaPantanal, Ivan Bergier, em entrevista concedida hoje (9) ao programaRevista Brasil, da Rádio Nacional. “Este ano serábastante atípico. Vai se realmente seco. Já temosdetectados focos de incêndio e a incidência de queimadasdeve ser alta até o fim do ano”, afirmou Bergier.Entre 1974 e 2008 onível do Rio Paraguai se manteve sempre alto, na faixa entre 3 metros e 5 metros. Este ano a projeção dos especialistasé de que fique abaixo dos 3 metros. A última secaprolongada na região ocorreu entre os anos de 1963 e 1973. Nãoé possível afirmar que vá se repetir um cicloparecido. O prognóstico indica até um aumento deprecipitação na região até 2050.Entretanto, também não permite descartar a preocupaçãocom novas situações atípicas. “Hoje estamos vendoum ano muito seco e daqui para frente é uma incógnita.Pode haver manutenção de níveis máximos,mas as mudanças climáticas podem ter outros efeitosaqui [no Pantanal] como o aumento da ocorrência de eventosextremos”, disse. As chuvas acima damédia histórica no Norte e Nordeste estãorelacionadas, segundo Bergier, ao fenômeno La Niña, queamplifica as chuvas naquelas regiões e, ao mesmo tempo, tornao clima mais seco na Região Sul. As causas da seca vigente noPantanal ainda não estão claramente detectadas. “Ainda nãotemos uma explicação consistente. Pode ter relaçãocom erupção vulcânica, mas ainda nãoexiste um fenômeno compreensível para explicar esseperíodo de seca”, afirmou Bergier.