Celso Amorim defende diálogo entre Venezuela e Estados Unidos

09/04/2009 - 16h13

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (9) que o Brasil pode ajudar a intermediar o diálogo entre Venezuela e Estados Unidos. De acordo com o chanceler, “é preciso haver um crédito de confiança” entre os países “para que, digamos, as cicatrizes do passado não continuem a ser um impedimento para relações futuras”.Amorim destacou que o Brasil não assumirá a postura de mediador de negociações. “Os países não precisam de mediação, são adultos. Não é o caso”. Segundo ele, o país pode "ajudar na retomada da relação". Neste sentido, informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem falado com os líderes dos dois países. “Acho que tem avanços”, disse.Durante palestra para embaixadores da América do Sul, no Rio de Janeiro, o ministro afirmou que, no caso de Cuba e dos Estados Unidos, no qual não há possibilidade de interlocução, o Brasil poderia assumir o papel de mediador. Mas lembrou que isso só é feito a pedido de um dos países.  Em entrevista à imprensa, o ministro também afirmou que a integração entre os países sul-americanos pode ajudar no enfrentamento de problemas como a crise financeira mundial. “Queremos que [a integração] seja aprofundada”, afirmou. Segundo ele, os empresários da região estão, inclusive, na vanguarda do processo.“A tendência natural é defensiva. Essa tendência gera comportamentos em relação à importação de um país qualquer, de outra região, e um país sul-americano. É preciso fazer um trabalho que não atrapalhe nossa integração. Isso exige vontade política”, explicou.O chanceler disse que ainda vê com ressalvas uma integração entre as Américas no modelo da União Européia. Segundo ele, com as desigualdades dos Estados Unidos e do Canadá em relação aos demais países - que chegam a ter o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, dez vezes menor que os vizinhos do Norte -, a integração é mais complicada, principalmente por conta das tarifas alfandegárias e de acordos bilaterais. “Embora sejamos do mesmo continente e tenhamos ideais semelhantes, somos países de realidades diferentes. São dois países muito desenvolvidos e um grupo enorme de países em desenvolvimento”, explicou. O diálogo entre a América Latina, o Caribe e os Estados Unidos, porém, pode ser positivo em diversas áreas. O ministro afirmou que chances para aprimorar essas relações devem ocorrer na 5ª Cúpula das Américas, prevista para a próxima semana, em Trindad e Tobago.  “Quando os Estados Unidos não fazem nada, as pessoas dizem que [eles] abandonaram a América Latina e o Caribe. Quando fazem demais, as pessoas não gostam, consideram interferência. É difícil encontrar a justa medida. É preciso diálogo”, completou o ministro Celso Amorim.