Congresso da Contag pode acabar com a hegemonia da CUT na confederação

13/03/2009 - 18h51

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Termina amanhã (14) o 10º Congresso Nacional da Contag (ConfederaçãoNacional dos Trabalhadores na Agricultura), que vem sendo realizado em Brasília desdequarta-feira (11). No último dia de encontro, os 2.604 delegados presenteselegerão Alberto Broch para a sucessão de Manoel José dos Santos.Atroca de comando da Contag, existente há mais de 45 anos e hojerepresentando cerca de 20 milhões de trabalhadores do campo, pode seracompanhada da desfiliação da confederação da Central Única dosTrabalhadores, a CUT. A Contag está vinculada à central sindical há 14anos (desde o 6º congresso, realizado em 1995). A decisão da desfiliação pode ocorrer ainda hoje (13) à noite.A tese dadesfiliação é defendida pelos delegados vinculados às federações detrabalhadores na agricultura do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina,do Paraná, de Minas Gerais e da Bahia e à Central dos Trabalhadores do Brasil(CTB), formada por uma dissidência do PCdoB.De acordo comHilário Gottselig, atual presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Santa Catarina (Fetasc) e ex-tesoureiro e secretário-geral da Contag, a tese da desfiliação já foidebatida no último congresso. A pauta volta à tona porque háinsatisfação das federações e sindicatos da base com a CUT. SegundoGottselig, muitos representantes dos trabalhadores se ressentem da centralnão considerar a Contag como a única interlocutora dos trabalhadorescampesinos, há reclamação pela CUT não defender a unicidade sindical erestrições à CUT por ser mais representativa de movimentos urbanos comoos metalúrgicos, bancários e funcionários públicos.Para o atualpresidente da Contag, Manoel José dos Santos, que é ligado ao PT edefende a manutenção da filiação à CUT, a tese da desfiliaçãorepresenta um “retrocesso”. Para ele, a vinculação à maior centralsindical do país fortalece a Contag.A troca de comando na Contag ocorrerá em maio.Atualmente, a confederação repassa 6% de sua receita para a CUT.Conforme Hilário Gottselig, a taxa de contribuição da CTB é de 3%. Seiscentrais sindicais, entre elas a CTB, são reconhecidas pelo Ministériodo Trabalho e Emprego que, em 2011, fará um crivo das centrais e manteráo reconhecimento àquelas que tiverem maior representatividade.