Usina de Jirau deve injetar R$ 42 bi na economia de Rondônia em seis anos

11/03/2009 - 8h38

Luana Lourenço
Enviada Especial
Porto Velho (RO) - Escada rolante e engarrafamento são algumas das novidades que ashidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (RO), estão levando para Porto Velho, capital do estado. Consideradas um novociclo econômico para a região, as usinas – em fase inicial deconstrução – já modificam a paisagem e a rotina do município. Ocusto estimado dos empreendimentos é de R$ 21 bilhões, mas de acordo como professor da Universidade Federal de Rondônia, Sílvio Persivo, só aUsina de Jirau deve injetar R$ 42 bilhões na economia local nos próximosseis anos. “É o chamado efeito multiplicador. Porto Velho vai deixar deser uma cidade de médio porte para ser grande”, prevê.A lotaçãoda rede hoteleira e o recorde de emplacamentos de veículos novos estãoentre os sintomas do que já é chamado de “efeito usina” pelosmoradores. A inauguração do primeiro shopping da cidade (com asprimeiras escadas rolantes), em novembro, lotou os hotéis e provocou engarrafamentos inéditos nas redondezas. Segundoa Federação do Comércio (Fecomercio) do estado, os resultados dosprimeiros meses superaram com folga as expectativas dos lojistas.  “Asgrandes redes não estão conseguindo manter os estoques”, afirmou opresidente da entidade, Francisco Linhares. Para oadministrador Antônio Wilson, gerente da maior concessionária deveículos da cidade, o momento não poderia ser melhor. A loja tem nadamenos do que 120 veículos encomendados à fábrica para atender os clientes nalista de espera. “Por causa da crise, as montadoras diminuíram aprodução, mas a demanda aqui continua alta”, disse. Em 2008, 8.274veículos novos foram emplacados na capital rondoniense. “É um númerorecorde. E foi um crescimento de cerca de 30% em relação ao anoanterior”. Na contramão do restante do setor no país, aprevisão de Wilson é de novas contratações para 2009. “Meu objetivo énão fazer nenhuma demissão por causa da crise. Pelo contrário, vamosexpandir o quadro em pelo menos 20%”, calculou. No setorimobiliário,130 novos edifícios estão em construção e o metro quadradodos novos investimentos já é avaliado em R$ 2,5 mil, comparável ao decidades como Brasília ou São Paulo. No entanto, apesar daeuforia, o município ainda não tem infra-estrutura para suportar apressão demográfica e a expansão econômica projetada pelas usinas, comoreconhece Linhares, da Fecomercio. “Você não faz uma cidade pensando emfazer uma hidrelétrica. A usina vem depois, e todas as necessidadesrecaem sobre a cidade”. Para o taxista Jurandir Souza, a ondade crescimento econômico trazida pelas hidrelétricas deveria seraproveitada para impulsionar outros investimentos na cidade. “As usinassão importantes, mas a gente quer ter aquiindústrias de sapatos, de móveis, de alimentos. Investimentos quefiquem depois, que tragam benefícios para a população quando a obraacabar”, defendeu.