Indústria dependente do crédito e do mercado externo foi a mais afetada pela crise no Rio

11/03/2009 - 17h59

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise financeira mundial, que levou à quedade 7,4% da indústria nacional no quarto trimestre de 2008, refletiu também de forma negativa sobre a indústriafluminense, afirmou hoje (11) à Agência Brasil o chefeda Divisão de Estudos Econômicos da Federaçãodas Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), PatrickCarvalho. “A indústria do Rio tem sofrido bastante com problemas na captação de crédito e com omercado internacional retraído, que dificulta as exportaçõesindustriais. Isso tem acarretado um enorme impacto sobre asencomendas industriais, ou seja, sobre a produção. Eisso acaba refletindo no mercado de trabalho”, afirmou oeconomista. Os setores mais penalizados pela crise noestado foram justamente os que mais dependem do créditoe do mercado internacional. São as indústriasautomobilística, siderúrgica e metalúrgica,revelou Carvalho. “Elas têm o mercado internacional comograndes consumidores dos seus produtos”, explicou. Aindústria de transformação teve quedade 18,6% em janeiro deste ano, destacando as variaçõesnegativas de 44,9% em metalurgia básica e 26,8% no setorautomotivo. As vendas da indústria fluminensecaíram 7,38% em dezembro de 2008 em relação a novembro,acumulando em todo o ano passado alta de 9,72%, de acordo com osIndicadores Industriais da Firjan. Em janeiro, a retraçãodas vendas foi de 19,7% na comparação com janeiro de 2008. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) mostram que a produção industrial fluminense caiu13% em janeiro deste ano, em relação a janeiro de 2008. Em relaçãoa dezembro do ano passado, houve retração de 1,6% naprodução. Segundo o economista, a crise afetou a indústria do Rio de Janeiro de maneira heterogênea. Ele deu como exemplo o caso da indústria da construção civil que se mantém forte, embora enfrente problemas de crédito. “Alguns setoressofreram mais do que outros. Mas, de qualquer forma, podemos dizer que não houve nenhum setor que pudesse sair ileso", observou Carvalho. Em 2006, a indústria fluminense - que engloba asindústrias de transformação, extrativa e daconstrução civil - respondeu por 50% do Produto InternoBruto (PIB) do estado em 2006, que somou R$ 303 bilhões.O dado é da FundaçãoCide (Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro). A expectativa de Carvalho é que a crise afete ainda mais a indústria brasileira como um todo, no primeirotrimestre, sendo que o segundo trimestre também deverá ser difícil. Já para o segundo semestre, a previsão é de uma reação da indústria diante das perdas advindas da crise. Na visão do economista, o mercado de trabalho continuará fraco e não repetirá ascontratações registradas no início de 2008. “Asdemissões podem continuar. E a tendência de reversão, por enquanto, é baixa. Eu acredito que somente no segundosemestre poderemos ter um quadro melhor para o mercado de trabalho”, observou.

A previsão da Firjan para o crescimento do PIB neste ano é de até 2%, podendo permanecer no patamar atual. “O crescimento do PIB estábastante comprometido pela crise mundial. As incertezas sãograndes e dificultam qualquer estimativa mais precisa.”