Secretário considera animador resultado da balança comercial em fevereiro

02/03/2009 - 19h44

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar da crise econômicainternacional e da queda das vendas do Brasil para o resto do mundoem relação às do ano passado, as exportaçõesmantiveram, em fevereiro, tendência de crescimento em relaçãoao mês anterior. O resultado de US$ 9,58 bilhões é20,9% inferior ao de fevereiro de 2008, mas representa acréscimode 14,4% ante janeiro de 2009, apesar do carnaval e do menor númerode dias úteis do mês.Os números animaramo governo brasileiro. “Esse resultado, num momento de crise, éum sinal muito bom, principalmente comparado com janeiro”, disse osecretário de Comércio Exterior, Welber Barral. “Háuma queda de exportações que reflete uma crise mundial,mas parece haver uma luz no fim do túnel quando vemos o dadode mais curto prazo.”Na comparação comjaneiro deste ano, as vendas que mais cresceram foram as de petróleo(81,3%), aviões (68%), celulares ( 58,2%), autopeças(55%), motores e geradores (49,4%), bombas e compressores (35,15),carne bovina (28,7%), café (25,9%) e soja em grão(22%). Em relação a fevereiro de 2008, apesar da quedanos preços internacionais, aumentaram as exportaçõesbrasileiras de milho, alumínio em bruto, soja em grão,combustíveis, algodão e frango industrializado. Caíram,entre outros, os embarques de motores de veículos 55,1%),autopeças (36,1) e automóveis (34,4%) – reflexo dacrise mundial do setor automotivo, segundo a Secretaria de ComércioExterior (Secex). As importações registraram emfevereiro movimentação inversa à de anosanteriores. Em vez de aumentarem em fevereiro em comparaçãocom janeiro, como vinha ocorrendo, as compras feitas noutros paísesencolheram 11,5%, totalizando US$ 7,82 bilhões. As maioresquedas foram nos segmentos de matérias primas para agricultura(43,1%, devido a recuos na quantidade importada e no preço),petróleo (36,5%, também com retração naquantidade e no preço) e equipamentos móveis paratransportes – aviões e caminhões (-41,9%, apesar deaumento de 27,6% na quantidade, em razão da baixa de 54,5% nopreço). Na comparação com fevereiro de2008, a retração nas importações foi de30,9%. Por segmento, os setores onde as compras brasileiras maisencolheram foram petróleo (47,8%, devido a uma queda de 52,3%nos preços), matérias primas para agricultura (recuo de75,7%, apesar da alta de 66,6% no preço), produtosalimentícios primários (recuo de 49,6% e produtosminerais (-47)“O que tem ocorrido é uma contínuaqueda das importações. Têm caído bens deconsumo, mas outros itens, como bens de capital, têm-semantido, o que é importante para o investimento no Brasil”,ressaltou Barral. Para ele, a queda nas importações nãotraduz, necessariamente, o desaquecimento da economia brasileira.

Osecretário disse que é preciso analisar quais sãoos setores que estão diminuindo as importações epor quê. No caso da indústria de insumos, por exemplo, aqueda nas compras do exterior reflete uma substituiçãopela produção nacional. “A produçãonacional se tornou mais competitiva com relação aoproduto importado em razão do efeito cambial, o que éuma tendência natural da adaptação do câmbioe da demanda no Brasil.”

Barral ressaltou ainda que nãohá redução de itens essenciais para o país,como máquinas industriais. Nesse segmento, o volume deimportações caiu apenas 0,3% em fevereiro em relaçãoao mesmo mês de 2008 (considerando-se a quantidade) – o que,na avaliação do governo, demonstra estabilidade dosetor. Na comparação com janeiro de 2009, houvecrescimento de 8,3% nas compras de máquinas industriais. Oresultado contraria recentes pesquisas da indústria, queapontam tendência de redução de investimentos em2009. O recuo nas importações nãopreocupa o governo. Pelo contrário. A retração,disse Barral, tem efeito positivo na balança comercialbrasileira, cujo superávit caiu nos últimos dois anos.Em janeiro deste ano, a balança chegou a apresentar saldonegativo de US$ 523,7 milhões. Apesar da aparente recuperação,o governo reluta em fixar metas de comércio para 2009. “Háum clima de muita instabilidade, especialmente com relaçãoaos mercados compradores. A crise é lá fora, nãoé no Brasil, e isso faz com que estejamos avaliando, ainda, ademanda nos principais países compradores”, afirmou.