Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um estudo realizado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) para avaliar as condições de manutenção e conservação dos parques de São Paulo considerou o Burle Marx, na zona Sul, como o melhor da cidade. Os parques Ibirapuera, também na zona Sul, e o da Juventude, na zona Norte, ficaram em segundo lugar. Em seguida, aparece o parque Villa-Lobos, na zona Oeste. Dividindo a quarta posição estão os parques da Independência, na zona Sul, e o do Povo, na zona Oeste. O estudo também fez um ranking dos locais com as piores condições. Entraram nessa lista os parques Raposo Tavares, zona Oeste, Chico Mendes, Chácara das Flores, Santa Amélia, e Raul Seixas, todos na zona Leste.O levantamento foi realizado entre outubro e dezembro do ano passado e analisou os 41 parques mantidos pelos governos estadual e municipal. O objetivo foi verificar o estado de manutenção e conservação dos equipamentos considerando oito itens: vegetação, acessibilidade, playgrounds, quadras esportivas e pistas esportivas, equipamentos de ginástica, banheiros e bebedouros. Foram atribuídas notas e tiradas médias para compor a classificação.Para o parque Burle Marx, por exemplo, os itens vegetação, pista de corrida e trilha, acessibilidade e banheiros foram classificados como ótimos. O parque da Juventude recebeu nota dez em todos os itens menos na área de ginástica. O do Ibirapuera só não foi avaliado como ótimo com relação ao playground, área de ginástica e pista de corrida.Segundo um dos coordenadores do estudo, o arquiteto Pedro Taddei Neto, a idéia é fazer com que esse estudo sirva como base para que os investimentos feitos durante a construção dos parques não se perca com a falta de manutenção e conservação. “Os parques em São Paulo representam um equipamento público muito escasso. Como a cidade é muito inóspita, com deslocamento difícil, poluída e desfavorável climaticamente, os parques são bastante usados.”Para Taddei, o fato de os piores parques estarem localizados na zona Leste e os melhores em áreas nobres da cidade, mostra desproporção entre o uso e os recursos para a manutenção. “Os parques mais frequentados estão na zona Leste e justamente nesses é que há menos cuidado”, afirmou. Segundo ele, por mês, todos os parques recebem cerca de dois milhões de visitantes, número que ele considera baixo em comparação à população do município. “Alguns desses parques têm acesso difícil e atividades proibidas, fatores que atrapalham. Outros parques mais afastados nem sempre contam com um sistema viário e de transporte adequado.”De acordo com o arquiteto, os dados foram enviados para a secretaria municipal do Verde e Meio Ambiente e devem ser encaminhados ainda para a secretaria estadual, Ministério Público Estadual e Procuradoria do Estado.“Os dados são apresentados aos poderes públicos para que se desenvolvam políticas para melhorar a conservação desses locais. Nós solicitamos das secretarias um calendário para a melhoria dos equipamentos."Por meio de sua assessoria de imprensa, a secretaria municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que alguns parques não possuem determinados instrumentos que foram utilizados como parâmetro para a pesquisa - dessa forma, receberam pontuação menor. Segundo o órgão, os locais possuem perfis diferenciados o que também influencia nos aparelhos que possui. Ainda segundo a secretária, outros parques deixaram de receber pontuação em quesitos que possuíam porque o avaliador não teria percorrido todo o local.A secretaria argumentou que o parque Raposo Tavares recebeu baixa pontuação no quesito vegetação porque é o primeiro da América Latina construído em cima de um aterro desativado. Dessa forma, o tipo de vegetação que pode ser plantada e desenvolvida em sua superfície é limitado. O parque está em obras desde o ano passado.O órgão informou ainda que o parque Chico Mendes estava em obras quando o estudo foi realizado e, por isso, alguns dos pontos apontados pelo levantamento já estão sanados: os sanitários masculino e feminino já estão em funcionamento e o playground está seguro para uso das crianças.Em termos de acessibilidade, desde 2007, todos os parques municipais tiveram intervenções de manutenção e reforma, grande parte deles para garantir acessibilidade universal aos sanitários. “O trabalho continua para garantir acessibilidade universal em todos os equipamentos dos parques. Os serviços de manutenção e conservação, bem como de segurança, têm sido realizados exemplarmente em todos os parques. Em 2009, o trabalho de atenção e cuidado com os parques municipais continua”, disse a secretaria.