Terceirizados de Furnas querem fazer parte de quadro suplementar em extinção

28/08/2008 - 22h53

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Entidades sindicais e associações constestaram hoje (28), na Justiça, acordo assinado pela direção de Furnas Centrais Elétricas com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que prevê a substituição de 1,8 mil funcionários terceirizados da empresa no prazo de cinco anos.O presidente da Associação dos Contratados de Furnas, Carlos Arthur de Souza Coelho, alegou que o acordo não foi homologado na vara de origem e, portanto, não seria válido. Segundo ele, os trabalhadores  ficaram fora da negociação. “Na verdade, esse acordo não está vendo a representatividade do trabalhador. Todo cidadão tem o direito à defesa, até que se prove ser contrário qualquer ato contra ele. Isso é constitucional", disse.Para Coelho, as notícias que têm circulado na empresa sobre o acordo, como se a negociação já tivesse sido concluída, causam pânico aos trabalhadores contratados. “E desestruturam um pouco a parte interna da empresa.” Os terceirizados reivindicam passar para um quadro suplementar em extinção, até que possam ir deixando, gradativamente, a empresa. “E não percam o seu sustento, nem a empresa perca a mão-de-obra”, observou.

Coelho enfatizou que os terceirizados passíveis de demissão não são “apadrinhados”, nem fazem parte de um “cabide de emprego”. “Isso não é verdade”, garantiu.

Ele disse ainda que os terceirizados não são contra a admissão de concursados e, que, inclusive, defendem que os concursados  assumam seus cargos.  “As pessoas que fizeram concurso, e por mérito passaram, têm o seu direito a ser preservado”. O presidente da associação  afirmou ainda que os contratados não tiram as vagas dos concursados.

Para ele, com a saída de profissionais, com a  possibilidade de demissão em função do acordo com o MPT e devido às propostas do setor privado, em busca de mão-de-obra qualificada, Furnas perde um importante potencial de empregados especializados.

Segundo Coelho, Furnas chegou a ter 9,5 mil empregados, mas, ao longo do tempo, esse número caiu para 2,5 mil funcionários. Com o Programa Nacional de Desestatização (PND), a estatal ficou impedida de fazer concursos públicos e, por isso,  passou a contratar  funcionários por meio de editais. Atualmente, disse, o quadro próprio da empresa conta com 4.576 empregados.

Em nota divulgada ontem (27), Furnas comunicou a assinatura do acordo para a substituição gradual dos 1,8 mil contratados, em cinco anos. A troca seria de 20% até 2009, 15% em 2010, 15% em 2011, 25% em 2012 e 25% em 2013.

Segundo a nota, a empresa pretende realizar novos concursos públicos para todas as áreas de atividade. O primeiro está previsto para ocorrer ainda em 2008.  Hoje (28), a empresa não quis se pronunciar sobre os contratados.