Proposta de piso nacional para cortadores de cana ainda não tem consenso

28/08/2008 - 21h20

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Representantes dos cortadores decana-de-açúcar e dos usineiros que integram o grupo de bioenergia doConselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) ainda nãochegaram a um consenso sobre a instituição ou não de um piso salarialpara os trabalhadores. Membro do grupo e advogado da Federação dosTrabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape), Bruno Ribeiro defende a o piso nacional. Segundo ele, essa seria uma forma de garantir um pagamento mais justo aos cortadores de cana. Outra proposta é restringir oacesso a empréstimos públicos, concedidos por instituições como o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apenas às indústrias queadotarem o piso. “A energia renovável tem surgido como uma prioridadeno mundo para melhorar a qualidade de vida das pessoas e do meioambiente e não faz sentido produzir energia renovável violando aqualidade de vida dos canavieiros”, disse o advogado.O presidente da União da Indústria deCana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, propõe um protocolo nacional delivre adesão, uma espécie de certificado para as empresas com asmelhores práticas trabalhistas, inclusive além das exigidas pela lei. De acordo com ele, as indústrias passariam por auditoria independente. “Não énegociação de piso salarial apenas, mas de uma série de boas práticas”,justificou. Jank rechaça vincular a concessão de financiamentosao cumprimento de um acordo coletivo nacional. “Vincular empréstimo doBNDES a um acordo coletivo nacional , onde não existe consenso se vaiser um protocolo ou não, não há por que colocar isso. Só se jáexistisse”. As relações entre canavieiros e usineiros sãodiscutidas ainda na Mesa de Diálogo para Aperfeiçoar as Condições deTrabalho na Cana-de-Açúcar, coordenada pelo ministro daSecretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e composta porrepresentantes dos dois lados. De acordo com Jank, também integrante da mesa, a metado governo é um fechar um acordo nos próximos dois meses, antes doseminário internacional sobre biocombustíveis que será realizado emnovembro, em São Paulo, com a participação do presidente Luiz InácioLula da Silva.