Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - “Os imigrantes tomam os empregos de trabalhadores nativos”;“a imigração corrói o salário dos trabalhadores nativos”; “a imigraçãoprejudica o crescimento de países ricos”. Estas são três exemplos de afirmaçõesque, segundo o diretor do Programa de Migrações Internacionais da OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT), Ibrahim Awad, não são verdadeiras, mas embasampolíticas públicas sobre o assunto em alguns dos países mais desenvolvidos domundo.Awad participou da convenção Diálogo Tripartite sobrePolíticas Públicas de Migração para o Trabalho, encerrado hoje (28), emItapecerica da Serra (região metropolitana de São Paulo). Em entrevista àAgência Brasil, ele explicou que os movimentos migratórios, ao longo dahistória da humanidade, colaboraram com o desenvolvimento. Entretanto, nosúltimos 30 anos, países ricos têm fechado suas fronteiras, alegando que aentrada de trabalhadores de países mais pobres poderia prejudicá-los.Segundo Awad, os imigrantes não tomam os empregos dostrabalhadores nativos. Eles ocupam justamente as vagas que os nativos nãoquerem ocupar. “Os trabalhadores de baixo grau de qualificação que vão procuraremprego em países onde a população tem um alto grau de qualificação ficam comas vagas que sobram. Assim, eles acabam assumindo um papel importante naeconomia desse país, colaborando com a produção.”Awad disse que estudos apontam que, na Espanha, a imigraçãofoi responsável por 1 ponto percentual do crescimento do Produto Interno Bruto(PIB, conjunto de riquezas geradas pelo país) entre os anos de 2000 e 2005.O representante internacional da OIT  acrescentou ainda que só imigrantes ilegaiscausam redução de salários de trabalhadores nativos e isso de forma muitoreduzida. “Se o trabalhador não está legal, ele se sujeita a condições precáriase aí vira um concorrente desleal para o trabalhador legal”, explicou Awad,ressaltando que políticas para a regularização dos imigrantes poderiam sanar oproblema.