Brasil poderá aderir a acordo para acabar com produção de bombas cluster

17/06/2008 - 19h14

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo brasileiroestá disposto a rever sua posição quanto àprodução das chamadas bombas cluster. No dia 30 demaio, os 109 países que participaram da Convençãosobre Munições de Fragmentação, naIrlanda, firmaram acordo para acabar com a fabricação,compra, armazenamento ou transferência dos artefatos, tambémconhecidos como bombas de dispersão. Brasil, EstadosUnidos, Índia, Paquistão e Israel nãoparticiparam da convenção e não assinaram odocumento. Hoje (17) o ministrodas Relações Exteriores, Celso Amorim, justificou aausência brasileira alegando que o país tradicionalmenteprefere fóruns formais de discussão, como a Conferênciade Desarmamento das Nações Unidas. Ele admitiu, porém,que o Brasil poderá aderir ao acordo – o que significariater de acabar com seus estoques de bombas cluster e se comprometer anão mais fabricá-las. “Acho que esse entendimento talvez possa serrevisto. Num caso desses, à luz, inclusive, do númerode países latino-americanos que tiver assinado, vou fazer umestudo detalhado. É uma questão que merece umaprofundamento, sem dúvida”, afirmou Amorim na Comissãode Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmarados Deputados. “Considero [a bomba cluster] uma armadesumana e devíamos trabalhar para que ela fosse eliminada”,defendeu, frisando que ainda não tratou do assunto comtécnicos do Itamaraty.Na ocasião da assinatura do acordo,questionado sobre a posição do Brasil, o Ministérioda Defesa afirmou que o Estado brasileiro é contrárioao banimento das munições cluster, pois elas aumentam opoder de fogo do Estado. Amorim lembrou que o mesmo tipo de reaçãoocorreu na assinatura do Tratado de Proibição de Minas,que estabelecia o fim das minas antipessoais – o acordo foi firmadopor 137 países, no ano 2000. “Quando o Brasil aderiu, havia o mesmo tipo deresistência, já se havia gasto muito dinheiro, éuma arma relativamente barata para garantir fronteiras. Houve umanatural resistência de quem é encarregado da segurança”,afirmou o ministro. As bombas cluster são armas projetadas paralançamento por aeronaves ou para serem disparadas por sistemasde artilharia. Levantamentos de organizações dasociedade civil estimam que mais de 3 mil crianças em todo omundo já foram vítimas desse tipo de bomba, sobretudoas minibombas, que não explodem ao atingir o solo.