Via Campesina denuncia existência de milícia armada no Paraná

21/10/2007 - 20h27

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Via Campesina diz haver indícios de que a empresa de segurança da multinacional Syngenta Seeds é “contratada de fachada”, e que funcionários são contratados “de forma ilegal, formando uma milícia armada que atua praticando despejos violentos e ataques a acampamentos na região”.Um desses “ataques”, ocorrido hoje (21) em Santa Tereza do Oeste, no Paraná, resultou num confronto que causou a morte de duas pessoas, um militante do movimento (Valmir Mota) e um segurança (Fábio Ferreira). Outras ficaram feridas, algumas em estado grave.A Via Campesina informou, através de nota oficial, que na última quinta-feira a denúncia da atuação de milícias armadas na região foi reforçada durante audiência pública em Curitiba. O movimento cobra da Justiça a apuração do fato ocorrido hoje.A área da Syngenta, de onde famílias da Via Campesina haviam saído em julho, foi reocupada na manhã de hoje por cerca 150 pessoas do movimento, informa a nota.“Na reocupação, os trabalhadores rurais soltaram fogos de artifício e os seguranças que estavam na fazenda abandoram o local. Por volta das 13h30, um micro-ônibus parou em frente ao portão de entrada e uma milícia armada com aproximadamente 40 pistoleiros fortemente armados desceu atirando em direção às pessoas que se encontravam no local. Arrombaram o portão, executaram o militante Valmir Mota com dois tiros, balearam outros cinco agricultores e espancaram Isabel do Nascimento de Souza, que encontra-se hospitalizada gravemente ferida”.O investigador Miguel Zanella, da Polícia Civil de Cascavel, contou outra história, mas fez a ressalva de que só ouviu a versão dos seguranças. “Parece que os seguranças tinham sido rendidos pela manhã, quando houve uma troca de tiro. Depois voltaram e ocorreu o confronto. Mas é a versão deles”.Ele disse à Agência Brasil que houve erro “para tudo quanto é lado”: “Da segurança, que não acionou a gente, e dos sem-terra, que estavam armados e reagiram”.Sobre as armas utilizadas, contou que na delegacia havia apenas um revólver calibre 38, mas que no  momento do crime, havia no local várias espingardas calibre 12, segundo os seguranças.A Via Campesina diz que a ocupação, realizada inicialmente em março de 2006, tem o objetivo de denunciar o “cultivo ilegal de reprodução de sementes transgênicas de soja e milho”. E que a meta é transformar a área num “centro de agroecologia e de reprodução de sementes crioulas para a agricultura familiar e reforma agrária”.