Confronto em acampamento de sem-terra no Paraná deixa dois mortos

21/10/2007 - 19h53

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Duas pessoas morreramnum conflito ocorrido hoje (21) num acampamento de sem-terra do campode experimento de soja e milho transgênicos da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza doOeste, no Paraná. Outras ficaram feridas, algumas em estadograve.A informaçãofoi passada pela Via Campesina, onde militava uma das vítimasfatais, Valmir Mota. Segundo a organização, o fatoocorreu quando uma “milícia com cerca de 40 pistoleiros”atacou o acampamento, executando Mota “à queima roupa comdois tiros no peito” e deixando seis trabalhadores “gravementeferidos”.A Polícia Civilde Cascavel confirmou os óbitos e disse que a outra vítimafatal se chama Fábio Ferreira, que seria integrante dasegurança particular da empresa. Mas forneceu uma informaçãodiferente em relação aos feridos: seriam quatroseguranças e quatro sem-terra, sendo um de cada grupo emestado grave.A Via Campesina informaque uma integrante do movimento está em coma e corre risco demorte: Izabel Nascimento de Souza. A polícia confirma que umamulher está em estado grave após ter levado um tiro noolho, e está na sala de cirurgia do Hospital Universitáriode Cascavel – que fica a 25 quilômetros de Santa Tereza doOeste – juntamente com um “segurança” que levou um tiroque perfurou o colete.Os demais feridos,segundo a Via Campesina, são: Gentil Couto Viera, Jonas Gomesde Queiroz, Domingos Barretos e Hudson Cardin.A assessoria deimprensa informou que membros do movimento não dariamentrevista hoje para evitar retaliação e porque elesestariam sendo presos na hora de prestar depoimento. Em entrevista àAgência Brasil, o investigador Miguel Zanella, dadelegacia de Cascavel, confirmou as detenções, “aprincípio”.“Não sei sevão ser presos, porque o protocolo é indiciar eresponder inquérito em liberdade. Mas às vezes a pessoaé presa por outros motivos, como porte de arma”, declarou opolicial num primeiro momento. Depois, pediu licença parachecar melhor o procedimento adotado e voltou com a informaçãode que não poderia dar mais informações porqueum delegado de Curitiba dará uma entrevista coletiva amanhã.Mas reconheceu que “a princípio eles vão ficardetidos”.As famílias acampadas no campo de experimentos haviam deixado o local em julho, após mais de um ano de ocupação. Leia mais ao lado.