Unesco diz que hoje não existem apenas sete "maravilhas do mundo", mas centenas

08/07/2007 - 10h41

Da Agência Lusa
Paris (França) - A Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco) declarou hoje (8) que tem uma "visão" da restauração e da proteção do patrimônio mundial diferente da dos organizadores do concurso que designou ontem (7) "as sete novas maravilhas do mundo" através de uma votação popular na internet e pelo telefone."Esta campanha respondia a critérios e objetivos diferentes dos da Unesco no domínio do patrimônio", declarou a porta-voz daquela organização da ONU com sede em Paris, Sabida Williams. "Temos uma visão muito mais larga sobre o patrimônio [mundial]", acrescentou.A lista do patrimônio mundial da humanidade da Unesco conta com 851 lugares e não se limita unicamente a monumentos, mas também a conjuntos arquitetônicos mais vastos, como centros de cidades, paisagens criadas pelo Homem ou ainda meios naturais.As "sete novas Maravilhas do mundo", anunciadas sábado à noite em Lisboa na sequência do concurso organizado pelo cineasta suíço Bernard Weber, são a grande muralha da China, a estátua do Cristo Redentor no Brasil, a cidade de Petra na Jordânia, o Coliseu de Roma, as ruínas incas do Machu Picchu no Peru, a antiga cidade maia de Chichen Itza no México e o Taj Mahal na Índia.O objectivo desta iniciativa era, segundo os promotores, actualizar a lista das sete Maravilhas do mundo abrangidas temporalmente até 200 antes de Cristo e que totalidade estão hoje quase todas desaparecidas."Certamente todas as maravilhas merecem estar na lista, mas o que nos entristece um pouco é que esta lista seja limitada a sete exemplos", declarou o chefe do gabinete de Comunicação, Parcerias e Projetos Educativos do Centro do Patrimônio Mundial da Unesco, Christian Manhart, sublinhando o lado "muito midiático" da operação de Weber."O número sete era adequado para a antiguidade porque o mundo antigo era muito menor do que o de hoje", compreendendo então apenas a bacia mediterrânica e o Próximo e Médio Oriente, acrescentou Manhart."Pensamos que é uma mensagem negativa para os países cujos sítios não foram incluídos", considerou, lembrando que a Unesco já tinha declarado em 20 de Junho não ter qualquer relação com a iniciativa de Bernard Weber.Os internautas podiam escolher desde janeiro os lugares preferidos entre 21 monumentos selecionados pelo concurso lançado por Weber após a destruição pelos talibãs, em 2001, dos budas gigantes de Bamiyan, no Afeganistão. Uma parte das receitas da cerimônia do anúncio das sete novas maravilhas do mundo irá servir para a reconstrução deste monumento.