Sem políticas públicas adequadas, aumenta número de sem-tetos, diz Pastoral do Povo da Rua

08/07/2007 - 18h15

Monique Maia
Da Agência Brasil
Brasília - Desemprego, violência urbana e falta depolíticas públicas voltadas para a populaçãode baixa renda. Estas são as principais causas para o aumentode moradores de rua em grandes metrópoles como, Belo Horizontee São Paulo. A informação partiu da Pastoral doPovo da Rua, que aponta um crescimento dessa populaçãoem 27% na capital mineira e 33% na paulista, entre os anos de 1998 a2005.De acordo com a integrante da coordenaçãoda Pastoral, Maria Cristina Bove, os dados demonstram que o mesmopode estar acontecendo em outras capitais brasileiras. Para ela, épreciso oferecer mais do que ações assistencialistaspara mudar a realidade dessas pessoas.“Na verdade, os programas que existem sãode caráter provisório e emergencial e nãoresolvem o problema. O que pode resolver realmente é a pessoater estabilidade, ter um emprego, ter uma casa. Agora, apenasprogramas provisórios como, a multiplicação dealbergues, são necessários na medida que é umasaída emergencial da rua, mas não para poder superaressa situação de exclusão”.O integrante do Movimento Nacional de Populaçãode Rua, Samuel Rodrigues, concorda e diz que essa populaçãoprecisa ser resgatada para o mercado de trabalho. “A prioridade éa inserção dos moradores de rua nas politicas públicas,é criar politicas intersetoriais, que não sejamaplicadas apenas pela assistência social”, destaca.Ele explica que as ações do governoprecisam trazer alternativas para o processo de globalização,que também contribui para a exclusão desses indivíduos.“ Na verdade, os moradores de rua são produtos dessaglobalização, que é excludente e deixa a margemaquele que não está capacitado. Então, a criaçãode políticas de trabalho e renda pode vir a reduzir e evitar aida de novas pessoas para a rua”, avalia Rodrigues.Para isso, Maria Cristina Bove, aponta arealização de um censo como primeiro passo naelaboração de novas políticas. Atualmente, nãoexiste um registro oficial do número de moradores de rua noBrasil. Os dados divulgados pela Pastoral do Povo da Rua foramsolicitados pelas prefeituras de Belo Horizonte e São Paulo epor entidades ligadas a essa população.No entanto, de acordo com a assessoria de imprensado Ministério do Desenvolvimento Social e Combate àFome será realizado um censo demográfico no iníciode agosto em 60 municípios com mais de 300 mil habitantes.Além disso, segundo a assessoria, o Ministério tambémvem atuando dentro de um grupo de trabalho interministerial, formadopor outros ministérios e entidades da sociedade civil, paracriar ações e projetos voltados especificamente para apopulação de rua. O grupo começou os trabalhosno final de 2006.“A nossa expectativa é que esse grupotraga resultados para essa população e que aja umasensibilização por parte da sociedade para oreconhecimento dos moradores de rua também como cidadãos”,finaliza Samuel Rodrigues.