Ministro interino das Relações Exteriores defende relação de Chávez com imprensa

13/06/2007 - 23h02

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro interino das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, defendeu a posição do presidente venezuelano Hugo Chávez de não renovar a concessão pública da tevê RCTV. "Isso é permitido pela lei e foi aprovado pelo Judiciário venezuelano. Vários outros países não renovaram concessões, inclusive os Estados Unidos", afirmou, em palestra a estudantes da Universidade de Brasília (UnB)."Naturalmente, isso deixou os detentores de concessões no Brasil extremamente preocupados”, ironizou. A medida de Chávez foi criticada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), que representa as empresas privadas que usam concessões públicas de comunicação no Brasil. “Já viram como é a liberdade de imprensa na Venezuela? Já viram o tom da imprensa em relação ao governo? E foi fechado algum jornal, foi preso algum jornalista?”.Mas Pinheiro Guimarães fez ressalva à declaração de Chávez a respeito da posição do Senado brasileiro. “Foi um comentário totalmente inadequado, inconveniente, inoportuno e que prejudica as relações que temos interesse de manter coma Venezuela”, afirmou Na avaliação do embaixador, independentemente do atual governo, a Venezuela tem importância estratégica para a integração sul-americana. Seja como fornecedor de petróleo, seja como financiador de projetos na região. “Temos que separar a importância da Venezuela para o Brasil e para a América do Sul, da questão específica conjuntural do governo do presidente Chavez", afirmou. "Temos na Venezuela uma economia que é extremamente rica em recursos naturais", destacou.O embaixador mencionou, ainda, a relevância da aproximação política para as relações comerciais entre Brasil e Venezuela. E comprovou com cifras: nos últimos quatro anos, as exportações brasileiras para aquele país subiram de US$ 608,22 milhões (em 2003) para US$ 3,56 bilhões (2006). Também citou projetos brasileiros naquele país. "O total das obras de uma das construtoras brasileiras na Venezuela é de US$ 10 bilhões. O complexo petroquímico da Braskem com a Pequiven [da PDVSA tem o valor de US$ 5,5 bilhões], exemplificou. “As oportunidades para as empresas brasileiras na Venezuela são extremamente importantes”, avaliou.