Petrobras é pioneira na tecnologia de exploração em águas profundas

21/04/2006 - 10h12

Rio, 21/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A década de 1980 representou mais um passo importante para a Petrobras, em sua consolidação como uma das maiores empresas do Brasil e como pioneira em tecnologia de exploração de óleo em águas profundas. Isso em um cenário de grande dependência energética, no qual as despesas do país com petróleo e derivados importados chegou a aumentar dez vezes, segundo a própria empresa.

O primeiros anos dessa década começariam a refletir os esforços da Petrobras para reduzir a dependência das importações de petróleo, segundo o economista André Furtado, do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "A produção que estava estagnada (no final da década de 1970), próxima a 200 mil barris diária, num período de cinco anos vai passar para 500 mil barris/dia. Aí é que começam a ser instalados os sistemas permanentes de produção na bacia de Campos."

Uma das apostas da empresa recaiu sobre o Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Sistemas de Produção em Águas Profundas (Procap), que a partir de 1986 passou a investir em projetos para exploração e produção de óleo e gás em profundidades superiores a mil metros. "Quando a Petrobras percebe que tem que ir abaixo da marca dos 200 metros, ela começa a desenvolver tecnologia, adaptando sistemas de produção que, inicialmente, eram provisórios para torná-los permanentes", conta Furtado.

Esses sistemas, segundo o economista, tratavam-se de plataformas flutuantes, usadas provisoriamente para explorar em águas rasas, mas que se tornaram perfeitas para águas mais profundas. "Uma plataforma fixa pode alcançar uma profundidade máxima de 400 metros. E ainda assim é um custo muito alto, porque é uma estrutura fenomenal", diz o pesquisador.

Segundo ele, o sistema de plataformas flutuantes havia sido desenvolvido na Europa, no Mar do Norte, pela Shell, para explorar temporariamente os campos, até que se instalassem sistemas permanentes. "A Petrobras importou esse sistema para começar a produzir nesses campos de água rasa e, quando ela começou a ter que ir para águas mais profundas, começou a usar esse sistema provisório como permanente", afirma Furtado.

A aposta não era em vão. Afinal, nos dois anos anteriores, dois campos de petróleo gigantes haviam sido descobertos em águas profundas: Albacora, em 1984, e Marlim, em 1985, ambos na Bacia de Campos. Em 1986, a Petrobras já era capaz de fazer perfurações acima de 1,2 mil metros e produzir a cerca de 400 metros, o que constituiriam, segundo a própria empresa, recordes mundiais.

"Explorar esses campos implicava uma tecnologia que não existia. Ninguém no mundo estava produzindo nessa profundidade. Aí a Petrobras percebeu que ela teria que dar um salto tecnológico nesse processo. O Centro de Pesquisa (Cenpes), que tinha se desenvolvido muito em função do downstream (refino, transporte e abastecimento), vai ampliar a área de exploração e produção, criando programas como o Procap", conta Furtado.

Nessa década, a Petrobras alcança a meta de 500 mil barris de óleo produzidos por dia, com a primeira fase da produção na Bacia de Campos. Descobertas também foram feitas no Alto Amazonas com a entrada em operação, em 1988, do campo de Rio Urucu. As despesas com importação de óleo e derivados, que tinham chegado a US$ 10 bilhões em 1981, caíram para cerca de US$ 3 bilhões no final da década.