Incra reconhece dificuldade para fiscalizar "venda" de lotes em assentamento

17/04/2006 - 9h39

Alessandra Bastos
Enviada especial

Eldorado dos Carajás (PA) - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconhece que a fiscalização do Assentamento 17 de Abril, criado após o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, é falha. "A fiscalização é uma questão complexa. A demanda é muito grande, você elege prioridade. O Incra não tinha pessoal", diz o superintendente do Incra do Sul e Sudeste do Pará, Raimundo de Oliveira Filho.

Segundo Limério Neto, trabalhador assentado no 17 de Abril, cerca de 200 famílias venderam os lotes com casa e 25 hectares recebidos após a tragédia. O presidente da Associação de Produção e Comercialização dos Trabalhadores Rurais do assentamento, Antonio Pereira dos Santos, reconhece que houve debandada. Mas estima um número menor. Segundo ele, 20% foram embora, após terem vendido o "direito" ao lote.

Atuam na superintendência do Incra na região 25 fiscais. Em concurso recente, mais 25 foram classificados, dos quais oito já tomaram posse. "O ideal seria, no mínimo, 150 fiscais", afirma Oliveira Filho. Além dos fiscais, tomaram posse 83 novos servidores. Na avaliação do superintendente do Incra, o Assentamento 17 de Abril "pode vir a dar certo". Segundo ele, os moradores são quase todos participantes da luta que resultou na morte de 19 sem-terra.