País precisa ampliar sua matriz de transportes, defende presidente da Transpetro

03/04/2006 - 16h27

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O Ministério dos Transportes deve aproveitar o atual momento em que a Petrobras se prepara para atingir a auto-suficiência na produção de petróleo, para rever a matriz de transportes no país, defende Sérgio Machado, presidente da Transpetro. Segundo Machado, "devido a decisões políticas erradas do passado", a malha do país está concentrada nas rodovias, que representam 62% da movimentação das mercadorias. O presidente da Transpetro participou hoje (4) de uma conversa com empresários da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro.

A proximidade das eleições é outro fator, segundo Machado, que indica a necessidade de o Ministério dos Transportes "deixar de ser o ministério das estradas e passar a ser o ministério que vai discutir o transporte em geral do Brasil, ou seja, os diferentes setores".

Na análise do presidente da Transpetro, essa discussão é estratégica e fundamental para o país, onde o transporte ferroviário detém 20% da movimentação de produtos, o aquaviário 13% e o dutoviário 4%, contra 62% do transporte rodoviário. O resto é transporte aéreo. Nos Estados Unidos, a proporção é de 50% de produtos movimentados pelo transporte ferroviário, 25% por rodovias e 20% aquaviário.

Essa é a razão de termos no Brasil um custo de logística equivalente a 16% do Produto Interno Bruto(PIB), soma das riquezas produzidas no país, enquanto na Europa esse custo oscila entre 11% a 12% do PIB e nos Estados Unidos representa apenas 9,8% do PIB, disse Machado.

"Hoje, a logística representa a competitividade porque o custo de logística é, em média, de 10% do custo do produto. Então, se você tem uma logística mais cara, você perde competição", ressaltou o presidente da Transpetro. Ele afirmou que 95% do nosso comércio internacional são realizados através de navios. E indagou: "Então, nós somos competitivos para exportar com um meio que tem custo duas vezes menor que o rodoviário e não podemos ser competitivos no Brasil?"

Machado concordou que essa é uma questão política, mas enfatizou que a hora de se repensar e discutir a matriz de transportes brasileira é agora. "É hora de criar novos paradigmas", acentuou.