Movimentos sociais iniciam encontro paralelo à Reunião Anual do BID

01/04/2006 - 18h28

Carolina Pimentel
Reporter da Agencia Brasil

Belo Horizonte – Integrantes de diversos movimentos sociais iniciaram hoje (1) em Belo Horizonte, em frente à Assembléia Legislativa, o I Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros, evento paralelo e contrário à Reunião Anual de Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Um dos temas do encontro é a construção de um projeto popular para o Brasil. Segundo os organizadores, a idéia é que essa proposta atenda às necessidades da população, como acesso à terra, educação e saúde. A estimativa é de que mais 1.500 pessoas participarão do evento até terça-feira (4).

Para a economista Sandra Quintela, integrante da campanha nacional contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) e uma das conferencistas, as políticas adotadas pelo BID e outras instituições financeiras internacionais priorizam a privatização dos bens públicos.

"Nós sabemos que essas organizações financeiras multilaterais (BID, Banco Mundial, FMI) são da mesma família e buscam a privatização dos recursos naturais, da água, das florestas, dos serviços públicos da educação, da saúde. Toda uma lógica de colocar o patrimônio público nas mãos dos interesses privados", disse. "A privatização leva à profunda exclusão", acrescentou.

Segundo o presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo, Ricardo Gebrim, que também esteve no seminário, o brasileiro descobriu que precisa assumir a criação de soluções para os problemas da sociedade. "O BID não está enfrentando os nossos problemas, pelo contrário, ele é parte dos nossos problemas".

Ao final das discussões, um documento com as principais propostas será entregue às autoridades governamentais.

De acordo com o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda., os movimentos avaliam o papel do BID de forma equivocada. Ele informou que o banco é um importante parceiro nos programas sociais do governo, como o Bolsa Família.

Entre os movimentos que participam do encontro estão o dos Atingidos por Barragens (MAB), a Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), o Comitê do Fórum Social Mundial, o Fórum Mineiro de Economia Solidária (FMEPS), o Fórum Mineiro de Segurança Alimentar (FMSAN), a Articulação do Semi-Árido Mineiro (ASA), o Fórum Mineiro de Reforma Urbana, a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Fórum das Pastorais Sociais e a Via Campesina.