PF pede que Justiça autorize medidas para apuração sobre a violação do sigilo do caseiro

28/03/2006 - 21h24

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

A continuidade das investigações sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa depende agora da Justiça Federal. Amanhã (29), de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Federal (PF), a Justiça começa a responder aos pedidos de quebra de sigilo e de buscas e apreensões.

A polícia não divulgou os pedidos para não atrapalhar as investigações, mas adiantou que o sigilo telefônico dos principais envolvidos pode ser quebrado. No início da noite, o delegado responsável pelo inquérito, Rodrigo Carneiro Gomes, foi à Justiça Federal, acompanhar pessoalmente a tramitação do caso.

Mais cedo, por meio da assessoria de imprensa, ele havia dito que pretende ouvir o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, antes que este volte a São Paulo. O delegado explicou que a intimação ainda não foi feita porque a polícia quer primeiro traçar estratégias e se preparar para colher os próximos depoimentos, entre eles o de Palocci.

A preparação inclui, por exemplo, o acesso ao circuito interno e ao registro de entrada e saída da Caixa Econômica Federal, o que depende de autorização judicial. A polícia também não tem ainda permissão para acessar o computador usado para a retirar o extrato bancário do caseiro foi entregue a Palocci, de acordo com depoimento do ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso. Ele e Palocci pediram demissão ontem depois de ter o nome citado nas investigações da polícia.

O delegado aguarda também o resultado do relatório que está sendo feito por peritos sobre o sistema de segurança da Caixa Econômica, assim como das simulações realizadas sobre o processo de retirada do extrato.

O computador foi entregue à PF no último domingo pelo funcionário da Caixa Jetter de Souza. O funcionário confessou que foi ele quem entrou no sistema e mandou imprimir o extrato após ter recebido ordens superiores. Em depoimento, de acordo com a PF, Souza contou que tinha apagado as movimentações e arquivos do computador, mas que antes fez um back up (cópia de segurança) dos arquivos em um outro disco rígido, entregue ontem (27) à polícia.

A PF informou hoje que não está claro como Jorge Mattoso recebeu a informação inicial sobre as movimentações financeiras de Francenildo. Ontem, a assessoria de imprensa do órgão havia informado que, no depoimento, Mattoso relatou ter sido avisado por técnicos da Caixa sobre as movimentações na conta do caseiro, já que os depósitos de quase R$ 40 mil na conta de Francenildo não condizem com o seu salário.

Hoje, a própria polícia desmentiu a versão. A assessoria explicou que, segundo o depoimento, Mattoso pediu aos técnicos uma verificação de conta e que junto com a verificação veio um extrato. Ele não teria justificado no depoimento o porquê do pedido.

Ao contrário do que ocorre nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs), na polícia federal os depoimentos são sigilosos. Só permanecem na sala o delegado, o depoente e o advogado de defesa. Cópias dos depoimentos não são divulgadas.