Debate sobre a <i>Voz</i> inclui o direito à informação, diz representante da <b>Radiobrás</b>

28/03/2006 - 22h44

Patrícia Landim
Da Agência Brasil

Brasília - A discussão sobre a flexibilização do horário do programa Voz do Brasil abre uma porta para debater a comunicação no país, o direito do cidadão à informação, os mecanismos de comunicação produzidos por veículos públicos e o papel da sociedade nessa produção. A afirmação é de Helenise Brant, responsável pela elaboração do programa no Poder Executivo, produzido pela Radiobrás.

Representantes da Voz do Brasil nos três poderes participaram hoje à tarde (28) do seminário Voz do Brasil: tradição e modernização – uma discussão sobre as formas de transmissão, realizado pela Câmara dos Deputados.

No encontro, Helenise Brant abordou a reforma editorial da Voz do Brasil: "Passamos de uma promoção simples e pura do governo federal para uma pauta que informa ao cidadão o trabalho e as ações do governo. O foco da Voz passa a ser o cidadão". Na opinião dela, a transmissão não precisaria ser obrigatória, "porque a partir do momento em que se faz jornalismo de boa qualidade, o programa se torna atraente e, portanto, não precisa de nenhuma imposição para sua veiculação".

Já a responsável pela elaboração do programa no Poder Judiciário, Jane Costa, contou que a dificuldade da linguagem processual é o que faz gerar um distanciamento da sociedade: "Com a criação da Rádio Justiça, nós trabalhamos com a linha editorial de levar informação e serviços a toda população. Nos últimos dez anos, o Judiciário começou a tornar mais conhecidas as suas decisões".

Ester Monteiro, que chefia a Voz do Brasil no Senado, informou no seminário que sua preocupação é a mesma dos outros poderes. "O problema é que temos 81 senadores de diversos partidos e, por uma questão regimental, temos que manter a proporcionalidade, respeitar todos os lados, e isso faz muita diferença na hora de editar um programa", contou. Ela destacou que quando se fala em Voz do Brasil não se pode esquecer que "as vozes que estão no Congresso são do Brasil também". E adiantou que a Rádio Senado pretende, ainda neste ano, ter uma rede de retransmissoras em FM, uma em cada capital brasileira.

O responsável na Câmara, Humberto Martins, lembrou a responsabilidade em relação à quantidade de debates na Casa e dois cuidados em relação à flexibilização do horário da Voz do Brasil: o primeiro, a transmissão de conteúdo divulgado a partir de interesses políticos, pois o programa enviado fica disponível até a emissora decidir divulgá-lo, e nisso pode haver algum tipo de edição; o segundo, a capacidade de fiscalização da Anatel, porque nós temos 5 mil emissoras e não há pessoal suficiente para fiscalizar em horários variados".

Atualmente, os primeiros 25 minutos da Voz do Brasil são produzidos pela Radiobrás e gerados ao vivo para todo o Brasil. Em seguida, são dez minutos produzidos pela Rádio Senado e a produção da Rádio Câmara. Há dez anos, a Justiça ganhou espaço no programa e às segundas, quartas e sextas-feiras é veiculado boletim de um minuto do Tribunal de Contas da União (TCU).