Seringueiros contestam resultado de investigações sobre assassinato de liderança

16/01/2006 - 11h34

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - O presidente da Organização de Seringueiros de Rondônia (OSR), Osvaldo Castro de Oliveira, contestou hoje (16) os resultados parciais da investigação policial sobre o assassinato do presidente da Associação de Seringueiros do Vale do Anari (Asva), João Batista.

Em entrevista à Radiobrás , Oliveira disse que os seringueiros não acreditam que o secretário municipal de obras de Vale do Anari (RO) e vereador do município, Walter Bispo, seja o mandante da execução. "A notícia do crime correu e houve um desvio de finalidade da investigação", acusou o presidente da OSR.

O porta-voz da Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, Dalton de Franco, afirmou que o crime já está desvendado e que a polícia procura agora apenas o autor dos disparos que mataram Batista no último dia 26 de dezembro.

"O vereador foi interrogado e confessou o crime. Disse que pagou R$ 1.500 e que forneceu o revólver para o assassinato", informou Franco. Segundo ele, Bispo foi indiciado por assassinato, mas responde ao processo em liberdade. "Ele estava envolvido com a ex-mulher da vítima e vinha sendo ameaçado pelo Batista. O motivo foi passional".

Para os seringueiros, o assassinato de João Batista foi ordenado por garimpeiros, madeireiros ou grileiros que estão invadindo a Reserva Extrativista (Resex) Estadual de Acariquara, localizada em Vale do Anari. Em outubro de 2004, graças uma denúncia dele à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental, um grupo de garimpeiros foi expulso da área.

Em setembro do ano passado, Batista fez parte do grupo de lideranças que foi a Brasília entregar à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um dossiê sobre os conflitos nas reservas extrativistas estaduais do Rondônia. Outros dois integrantes da comitiva estão ameaçados de morte: Antônio Teixeira, presidente da Associação de Moradores da Resex Rio Preto Jacundá (Asmorex) e Chico Leonel, presidente da organização não-governamental Bem-te-Vi, que atua na Resex Jaci Paraná.

"Após a divulgação na imprensa, a polícia nos ligou e pediu que registrássemos ocorrência das ameaças. Mas não garantiu a segurança deles", contou Oliveira. "Amanhã começará nossa assembléia e nós vamos discutir o que fazer quanto a essas ameaças. Também pretendemos elaborar um relatório sobre o assassinato do Batista, para ser entregue ao Ministério Público Federal."

A OSR reúne dez associações extrativistas do estado. A assembléia geral da entidade acontece a cada três anos. Ela deve reunir em Porto Velho cerca de 90 seringueiros, durante dois dias.