Leia a íntegra do programa <i>Café com o Presidente</i>

16/01/2006 - 4h49

Luiz Fara Monteiro: Bom dia amigos em todo o Brasil, eu sou Luiz Fara Monteiro e começa mais uma edição do Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Bom dia, presidente.

Presidente Lula: Bom dia, Luiz.

Luiz Fara Monteiro: Presidente, o senhor vai visitar hoje alguns trechos de duplicação da BR-101 Nordeste. O senhor vai a Natal, João Pessoa e Recife. Essa obra era esperada há anos e não tem nada a ver com a operação de emergência iniciada na semana passada, não é presidente?

Presidente Lula: Essa obra é uma promessa feita para o Nordeste há muitos e muitos anos. É uma obra extremamente importante porque é um corredor turístico para o turista que quer percorrer o Nordeste. Ele vai ter uma rodovia duplicada, moderna, que ele vai poder viajar com muita tranqüilidade. Nós, na verdade, queríamos dar início nessa obra em março de 2005. Foi feita uma licitação, várias empresas ganharam, as que perderam entraram com recursos, ganharam liminares, e nós decidimos começar a obra dando um trecho dessa obra para que o Exército brasileiro fizesse com seu batalhão de engenharia.

Luiz Fara Monteiro: Por que o Exército, presidente?

Presidente Lula: Veja, porque não podemos ficar esperando a briga entre as empresas. A obra toda tem 336 quilômetros de extensão, nós estamos dando para o Exército fazer 142 quilômetros. Essa obra vai custar R$ 1,5 bilhão e a parte do Exército vai ficar em R$ 520 milhões. E ele vai fazer um trecho importante da obra na Paraíba, um trecho importante em Pernambuco, um trecho importante da obra no Rio Grande do Norte, enquanto nós vamos resolvendo o problema dos outros trechos das empresas que estão em disputa judicial. Se não resolver, nós vamos dar tudo para o Exército porque o que queremos é garantir que as pessoas tenham facilidade para transitar no nosso país.

Luiz Fara Monteiro: Essa semana também o senhor inaugura uma ponte no Acre, qual a importância dessa obra?

Presidente Lula: Essa ponte é extremamente importante porque ela faz uma ligação entre o Brasil e o Peru. É uma ponte que vai permitir o trânsito de comércio com facilidade entre Brasil e Peru, vai permitir o trânsito de pessoas. E é uma obra que vai ser importante na medida em que está sendo construída a Interoceânica, uma estrada que vai ligar o Norte do Brasil com o Oceano Pacífico. Isso vai gerar desenvolvimento extraordinário em toda a região e nós estamos fazendo essa ponte porque é uma necessidade. Aliás, é a segunda ponte que nós fazemos, uma Bolívia/Brasil e essa Brasil/Peru, que são as primeiras pontes ligando o norte do Brasil a essa região da América do Sul. Portanto, vou inaugurar essa ponte como um passo muito importante na integração da América do Sul.

Luiz Fara Monteiro: Presidente, e as obras de emergência que começaram na semana passada para recuperar as estradas em piores condições. Eu queria saber como está o andamento do projeto e com o senhor vê algumas acusações dizendo que essa obra é eleitoreira?

Presidente Lula: Luiz, primeiro queria aproveitar a oportunidade para dizer aos nossos ouvintes e a todo o povo brasileiro algumas coisas que precisam ser ditas. O Brasil tem 58 mil quilômetros de estradas federais. Durante muitos e muitos anos os motoristas brasileiros são provas do descaso que se fez com a manutenção dessas estradas. Quando tomamos posse pegamos praticamente 37 mil quilômetros totalmente deteriorados. Não tivemos dinheiro no ano de 2003, muito pouco, nós tivemos apenas R$ 2,5 bilhões em 2004 e somente em 2005 é que nós tivemos R$ 6 bilhões empenhados. Eu vou dar um exemplo porque tem muita gente dizendo que nós não utilizamos o dinheiro da Cide [Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico].

Luiz Fara Monteiro: Só lembrando aos nossos ouvintes, presidente, que a Cide é um imposto cobrado sobre os combustíveis para a manutenção das estradas.

Presidente Lula: Luiz, a Cide, em 2005, arrecadou R$ 7,7 bilhões. Desses, 29% foram passados para os estados, ficaram com a União R$ 5,4 bilhões, e nós empenhamos nos transportes R$ 6 bilhões em 2005 e tem no orçamento agora mais R$ 6 bilhões para 2006. Portanto, somente agora é que nós temos os recursos para fazer aquilo que deveria ter sido feito há 10, 15 anos ou no meu primeiro ano de governo. Como não tivemos o dinheiro e era preciso juntar dinheiro para fazer, agora estamos fazendo aquilo que é obrigação do governo. É importante lembrar à população ainda o seguinte: nós temos 26 mil quilômetros de estradas deteriorados agora, porque quase 10 mil já foram consertados. Desses, 19 mil quilômetros já estão licitados e contratados para fazer restauração. Estamos trabalhando nisso desde junho, muitas das obras foram contratadas no mês de outubro, então, desses 19 mil que já estão licitados e contratados, faltam praticamente 7,4 mil quilômetros que não têm licitação.

É importante lembrar que desses 7,4 mil quilômetros que estamos contratando, 5 mil quilômetros são de estradas que foram estadualizadas ainda no governo anterior e que foi passado R$ 1,8 bilhão para os estados fazerem 14 mil quilômetros de estradas. Acontece que, mesmo passando a Cide para alguns estados, eles não fizeram as estradas que tinham sido contratadas pela Medida Provisória 82 feita ainda no governo passado.

Luiz Fara Monteiro: Esse é o Café com o Presidente. Você está ouvindo o presidente Lula explicar por que houve dificuldade de manutenção de estradas que foram transferidas em 2002 da área federal para os estados. E como resolver isso presidente?

Presidente Lula: Veja, nós estamos resolvendo porque não podemos permitir que essa briga judicial, essa briga de compreensão de quem é a responsabilidade entre o governo federal e o governo estadual possa prejudicar o povo. Ou seja, então nós assumimos a responsabilidade de fazer essas estradas. Estamos fazendo a restauração de 19 mil quilômetros e estamos fazendo uma operação tapa-buraco naquela parte que está mais deteriorada das estradas. Ou seja, você tem uma estrada que precisa ser consertada, mas que ainda dá para transitar, e nessa mesma estrada tem lugares que tem tanto buraco que não dá mais para um carro transitar porque pode quebrar a ponta de eixo de um caminhão, pode estourar o pneu de um caminhão, o que vai ficar muito mais caro para o motorista.

E o que estamos fazendo? Estamos tentando pegar aquelas coisas emergenciais e estamos fazendo um tapa-buraco. Sabemos que é questão emergencial. É como se um cidadão tomasse um tiro, fosse ferido, qual é a primeira atitude que o médico toma quando o cidadão está perdendo muito sangue? É estancar o sangue, depois leva ele para a cirurgia para fazer o tratamento adequado. Nós estamos fazendo esse estancamento inicial para depois fazer a cirurgia definitiva que é a restauração, por isso eu estou convencido de que alguns que estão fazendo críticas – tenho acompanhado pela imprensa, tenho visto pelo rádio, pela televisão – e o povo compreende, ou seja, se nós não fizéssemos eles estariam criticando que nós não tínhamos feito, nós estamos fazendo, eles estão criticando que nós estamos fazendo. Entre não fazer e ser criticado e fazer e ser criticado, eu prefiro fazer. Veja outra coisa, nós estamos fazendo e alguns estão dizendo que são obras eleitoreiras, mas se nós não fizéssemos continuariam sendo eleitoreiras para eles. Porque aí todos eles já estariam fotografando, filmando, para colocar em seus programas de televisão. Ora, entre a briga partidária e o povo, eu vou ficar com o povo.

Sabemos que o povo tem razão de reclamar, porque quando o cidadão sai com o caminhão, com uma carga, ele quer chegar inteiro, ele não quer chegar atrasado, ele não quer estourar pneu, ele não quer quebrar mola, eixo de caminhão. Com o carro a mesma coisa, o cidadão sai com sua família para passear, ele que chegar inteiro com a família, ele não quer ter acidente. Mas, além dessas emergências, é importante lembrar que depois de muitos e muitos anos, depois de muitas promessas, nós estamos fazendo com muita rapidez a BR-101 Sul, ligando Palhoça a Osório, que vai completar a ligação com a BR-116, garantindo que as cargas do Mercosul possam transitar com mais facilidade e, sobretudo, os passageiros, os turistas brasileiros que vão para a Argentina e o Uruguai. Os uruguaios e argentinos que vêm para o Brasil vão poder transitar com muito mais facilidade. Além disso, terminamos a BR-381, que liga Minas Gerais a São Paulo, que estava há 13 anos para ser concluída. Concluímos a BR-116, faltando só a Serra do Cafezal que vai ser licitada agora para a empresa que vai administrar a estrada. Então, nós estamos fazendo, Luiz, aquilo que é necessário e vital fazer nesse momento.

Luiz Fara Monteiro: O senhor acredita que vai chegar ao fim desse mandato com as estradas em mínimas condições para os motoristas, presidente?

Presidente Lula: Nós vamos chegar com as estradas em melhores condições. Certamente não vamos chegar no ideal, porque são 26 mil quilômetros de estradas que estamos cuidando agora, que estão em situação de precariedade. Desses, 19 mil já estão contratados, portanto, quero dizer aos caminhoneiros do Brasil, quero dizer aos motoristas que percorrem as estradas brasileiras: estejam certos de que se nós não fizemos antes foi porque não pudemos fazer antes. E estamos fazendo agora porque agora temos dinheiro para fazer. Vou repetir os números: em 2005 empenhamos R$ 6 bilhões e vamos outra vez empenhar R$ 6 bilhões em 2006. Se nós continuarmos colocando essa quantidade de dinheiro certamente, em poucos anos, teremos as estradas brasileiras todas consertadas e muitas estradas novas.

Luiz Fara Monteiro: Obrigado presidente e até a segunda-feira que vem.

Presidente Lula: Obrigado a você Luiz.

Luiz Fara Monteiro: O Café com o Presidente fica por aqui, um abraço a você que nos acompanhou e até a próxima semana. Acesse o Café na internet, o endereço é www.radiobras.gov.br