Artesanato ajuda indígenas consideradas "velhas" a ter renda e promover cultura

06/01/2006 - 11h16

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - O artesanato tornou-se fonte de renda e meio de fortalecimento cultural para cerca de 60 mulheres indígenas do município de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. A maior parte delas tem mais de 40 anos. Elas fazem parte da União das Mulheres Artesãs Indígenas do Médio Rio Negro (Umai), que foi criada em março de 2003 e tem aproximadamente 200 associadas. As artesãs pertencem a dezoito etnias diferentes. Entre elas, Baré, Arapasso e Tukano.

"Como essas mulheres já são de meia idade, elas não podem arranjar emprego porque são consideradas velhas. Também não podem se aposentar porque são muito novas. Se você tem sua produção, você consegue um dinheiro", contou a coordenadora da Umai, Délia Arapasso, em entrevista ao quadro Meio Ambiente , que todas as sextas-feiras é veiculado no programa Ponto de Encontro , na Rádio Nacional (Amazônia) .

A Umai oferece um local para fazer o artesanato e oportunidade para vender os produtos. Conquistou um espaço permanente na feira municipal, além de participar de eventos em todo o país. A renda média das 60 associadas envolvidas diretamente na produção é de um salário mínimo por mês. Mas, de acordo com Délia, elas ainda têm outras compensações. A sede da entidade é também um espaço para reviver e reafirmar os costumes indígenas, falar a língua nativa, reencontrar parentes e amigos.

Os artigos mais vendidos pelas artesãs são cestos, chapéus, brincos e colares, além da vassoura de piaçaba (palmeira amazônica), especialidade do povo Baré. A Umai faz parte da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que reúne 75 organizações indígenas, representantes de 165 povos.