Consultor da ONU e coordenador de movimento questionam necessidade de mais usinas hidrelétricas

05/01/2006 - 18h47

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - É preciso promover uma discussão ampla, entre governo e sociedade, sobre a real necessidade de geração de mais energia. Essa é a posição do jornalista Washington Novaes, consultor de alguns projetos da Organização das Nações Unidas (ONU), diante do anúncio da intenção de construir seis novas hidrelétricas, feito pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "No Brasil, o desperdício é enorme", justificou Novaes.

Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu, inclusive, a importância de o governo investir em programas que busquem a conservação de energia. "Na ocasião do ‘apagão’, em 2001, o Brasil economizou quase 30% de energia, o que significa que podemos fazer economias constantemente. Economizar um quilowatt de energia custa muito menos do que gerar um quilowatt", avaliou.

Já o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) manifesta uma posição "bastante crítica" com relação à construção de novas usinas hidrelétricas no país, pelo fato de priorizarem a produção intensiva e não respeitarem os direitos da população. "Além de grandes impactos ambientais, a construção de novas hidrelétricas gera também conflitos sociais", disse o coordenador Nacional do MAB, Luiz da La Costa, também em entrevista à Agência Brasil.

Duas das novas usinas integram o complexo do Rio Madeira e têm, juntas, capacidade de produzir 6.450 megawatts (MW) – pouco mais da metade da potência da usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em operação. Segundo a ministra Dilma Rousseff, além dessas duas usinas, outras quatro – Dardanelos (MT), Mauá (PR), Cambuci (RJ) e Barra do Pomba (RJ) – devem participar do próximo leilão. Elas ficaram de fora da última licitação, em dezembro do ano passado, porque não obtiveram licença ambiental a tempo.