O menor da história do índice, Risco-Brasil indica haver confiança de investidores no mercado

04/01/2006 - 19h28

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Alguns índices podem indicar como está a situação da economia de um país. Um dos mais usados, internacionalmente, é o risco-país, criado em 1994 pelo banco americano JP Morgan, para orientar os investidores quanto ao futuro de suas aplicações. Ontem, o Brasil obteve a nota mais baixa da história do índice, quando risco-país chegou a 301 pontos. Os pontos são referências que medem o risco em relação aos títulos do tesouro americano, cotados a um risco muito perto do zero.

Usado para medir o grau de desconfiança que se tem em relação a 21 países emergentes, entre eles o Brasil, o risco-país é uma taxa medida a partir de uma cesta de títulos negociados nos principais centros do mercado financeiro mundial.

No caso do Brasil, o mais usado para compor o índice é o título da dívida externa brasileira, chamado C-Bond. O mercado interpreta os altos índices de risco-país como uma grande possibilidade do país não honrar compromissos, por exemplo, a dívida externa. Assim, os investidores se afastam de países com cotações altas.

Desde dezembro, o Risco-Brasil tem atingido níveis cada vez mais baixos. Analistas de mercado avaliam que a última queda decorreu da perspectiva do fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, o que vinha aumentando o risco-país no mundo. A economia americana, ultimamente, estava num ciclo de alta de juros.

Outros fatores, no entanto, podem mostrar os nortes de uma economia, como o controle da taxa de inflação, o compromisso do superávit fiscal, o regime de câmbio (que, no caso do Brasil, é flutuante atualmente), além do superávit na balança comercial.

O Brasil, por exemplo, atingiu em 2005 o melhor saldo comercial de sua história. A diferença entre o que foi exportado e importado alcançou a cifra de US$ 44 bilhões, um aumento de 33% em relação a 2004.

Economistas analisam, entretanto, que a redução do risco-país e a conseqüente recuperação da confiança na economia brasileira são também fundamentais para o desenvolvimento.

Uma das conseqüências quando o Risco-Brasil está elevado é uma alta taxa de juros praticada pelo país, para garantir maior retorno ao investimento. Se um título americano (T-bond), de 30 anos de prazo de vencimento, for negociado com juros de 5,3% ao ano, significa que um título brasileiro equivalente teria que pagar juros de no mínimo 8,31% ao ano, em dólar, para ser negociado no mercado internacional – cálculo segundo o Risco-Brasil de 301 pontos divulgado ontem.

Isso porque cada ponto do risco-país significa 0,01 ponto percentual de prêmio acima do rendimento dos papéis da dívida americana. Assim, se o risco-país estiver em 1.500 pontos, os títulos nacionais pagam um adicional (ágio) de 15% em relação aos do tesouro americano.

Uma das notas mais altas do índice no Brasil aconteceu em 2002, 2.440 pontos.