Embaixadores devem ser "generosos" com América do Sul, pede Lula

04/01/2006 - 20h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos chefes de missões diplomáticas brasileiras, generosidade com os países da América do Sul. Lula teve um encontro com hoje com cerca de 60 chefes de missões brasileiras no exterior. "Ser generoso não quer dizer ser bonzinho, significa pensar também no seu interesse a longo prazo. O que queremos é que haja paz e estabilidade na região", afirmou Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores, que relatou aos jornalistas o encontro com o presidente.

Amorim destacou que a região da fronteira, por exemplo, deve ser pensada como ambiente vde comércio legítimo e não como sinônimo de contrabando, narcotráfico e guerrilha. Para isso, segundo Amorim, é preciso que o país vizinho também se desenvolva. "Isso exige, da parte mais forte, uma certa dose de generosidade. Se formos exigir reciprocidade estrita em tudo, vamos repetir o que ocorreu no passado em relação a nós. Isso fará com que os mais pobres fiquem cada vez mais pobres, e os mais ricos cada vez mais ricos", disse o minisstro. "Queremos um crescimento equilibrado, tendo plenamente presente que isto nos beneficia", concluiu.

Por isso, segundo Amorim, o Brasil decidiu fazer um pólo gás químico na fronteira com a Bolívia. "Queremos ter uma presença economicamente válida , relevante, positiva para nós mas que também seja positiva para o povo boliviano", destacou."Teremos cada vez mais um trabalho voltado ao desenvolvimento da Bolívia." O ministro revelou que está em análise, inclusive, a possibilidade da Bolívia ingressar no Mercosul.

Com relação à criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Celso Amorim afirmou que o tema "perdeu a dramaticidade que tinha", e será tratado no momento oportuno. "Acho que até o presidente Bush concorda com isso. Enquanto não resolver as questões fundamentais da OMC, é muito difícil saber o que se vai negociar na Alca".