Estrangeiros são responsáveis por quase metade das compras de ações de empresas, revela consultoria

04/01/2006 - 16h24

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os investidores estrangeiros foram responsáveis por 45% a 50% dos negócios realizados para aquisição de ações de empresas no país durante 2005, segundo relatório divulgado pela empresa de consultoria internacional PricewaterhouseCoopers. O sócio da companhia, Raul Beer, afirmou que a participação dos estrangeiros no mercado de fusões já foi mais alto no país. Nos anos de 1997/98, chegou a 2/3 do total. Ele destacou, porém, que naquela época a participação do investidor internacional "não era sustentável". Agora, avaliou Beer, o nível atual "já é mais razoável para a economia brasileira".

A participação do investidor estrangeiro no mercado do Brasil é explicada como resultante do aumento da confiança no país. Prova disso, segundo ele, foi a queda do risco-país, que atingiu ontem (3) seu menor nível desde que o índice começou a ser calculado, em 1994, pela empresa de consultoria JP Morgan, encerrando o dia com 301 pontos, após a sinalização dada pelo banco central dos Estados Unidos(FED) de que o ciclo de aumento dos juros norte-americanos pode estar chegando ao fim.

Em 2005, o percentual de negócios de aquisição de controle e compra de participações minoritárias por empresas estrangeiras evoluiu um ponto percentual no Brasil, em comparação ao ano anterior, alcançando 44%. O patamar é considerado mais realista e sustentável que os níveis de 30% a 35% verificados nos períodos pré e pós eleitorais de 2002 e 2003, frisou Raul Beer.

Em 2006, a participação dos estrangeiros no mercado brasileiro deverá se manter, disse o especialista. "Apesar de ser um ano eleitoral, eu não vejo nenhum motivo, seja pela economia mundial, seja pela economia brasileira, para que a gente volte aos níveis de 2002 e 2003", observou.

O documento da PricewaterhouseCoopers revela, ainda, que dentre os estrangeiros, as empresas da União Européia lideraram o ranking dos negócios, participando de 52 das 269 transações efetuadas. A França foi o país destaque, cujos investidores estiveram presentes em 12 negócios.