"A gente nem comemorou" redução do desmatamento, lamenta diretor do Ministério de Meio Ambiente

21/07/2005 - 22h37

Janaina Rocha
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "A gente nem comemorou o índice", diz o diretor do Programa Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Rezende de Azevedo. Segundo ele, redução de cerca de 90% do desmatamento da Amazônia, no mês passado, é um problema. "Isso seria ótimo se fosse constante, mas como sustentar essa queda?"

Azevedo avalia ser grave apenas a medida do bloqueio de ações ilegais. "Estamos bloqueando uma atividade econômica de alta pressão, o grileiro que comercializa terra, o transportador de madeira ilegal, enfim, criamos uma restrição econômica semelhante a uma barragem menor do que rio represado", diz.

Ele afirma que a proteção permanente da floresta se dá de duas formas. "Manter a força da fiscalização, que a gente mantém, e ocupar o espaço da atividade econômica ilegal com a sustentável", diz ele. "Em longo prazo é a substituição dessa atividade econômica pela sustentável".

Azevedo então reafirma a necessidade da aprovação pelo Senado do Projeto de Lei 4776/05 que prevê exploração sustentável de florestas públicas pelo mecanismo de concessão a empresas privadas, além de criar o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal. Segundo ele, o PL deve diminuir os obstáculos ao manejo florestal sustentável comercial.

"Já colocamos o exército, a polícia federal etc., mas se não tiver uma saída econômica de forçar as pessoas a cuidarem da floresta porque ela gera renda – é isso que acontece com os países que mantém suas florestas em pé – tudo vai explodir, como está para ocorrer no Pará", avalia ele. "Gerar renda conservando a floresta, objetivamente e rapidamente, se não nós vamos de novo sofrer um baque."