Paulo Freire diminuiu pela metade o analfabetismo em São Tomé e Príncipe

01/11/2003 - 10h59

Álvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A população de São Tomé e Príncipe aguarda com grande expectativa a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua comitiva, que desembarcam no país na manhã desse domingo. Segundo Armindo Tomba, analista econômico da Rádio Nacional do pequeno arquipélago africano, esta viagem tem um duplo significado. Primeiro, marca o reencontro histórico e cultural uma vez que o país serviu de entreposto de escravos que vinham da costa oriental da África para o Brasil. Segundo, espera-se que o Brasil contribua para o desenvolvimento econômico de São Tomé, que se prepara para substituir sua tradição agrícola baseada no cultivo do cacau, para se tornar uma potência exportadora de petróleo. O governo local quer aproveitar a larga experiência do Brasil para ajudar a atingir essa última meta.

Além disso, seus habitantes nutrem um afeto especial pela cultura brasileira. Fato que se deve, principalmente, pela atuação de uma importante figura. Armindo explica que, logo após a independência, mais de 60% dos sãotomenses não sabiam ler nem escrever. O governo local, então, convidou o pedagogo Paulo Freire para implantar um método de erradicação do analfabetismo. "Após seguidas as diretrizes educacionais sugeridas por Freire, o país reduziu este índice a uma cifra entre 25 e 30% da população", afirma o analista econômico.

Atualmente brasileiros estão trabalhando na implantação da Alfabetização Solidária, projeto que deve ser ampliado após a visita do presidente Lula. Técnicos brasileiros também são esperados para atuar no combate à malária, doença considerada a primeira causa de mortes entre os moradores locais.

São Tomé também pretende aproveitar a tecnologia brasileira para aprimorar suas técnicas agrícolas e planeja inaugurar o Instituto de Investigação de Agronomia de São Tomé e Príncipe. "As características geofísicas da ilha se assemelham muito as do Brasil, por isso os produtos cultivados são praticamente os mesmo", diz Armindo.