Britânicos revelam que peixes também sentem dor

05/05/2003 - 19h53

Brasília, 5/5/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os peixes, assim como as aves e os mamíferos, sentem dores, informa uma pesquisa científica britânica do Instituto Roslin e da Universidade de Edimburgo, Escócia, cujos resultados serão publicados no número de junho da revista Proceedings of Biology of the Royal Society.

A pesquisa, realizada com a truta arco-íris, demonstra não apenas a existência de receptores do sistema nervoso na cabeça dos peixes, que reagem aos estímulos, como também que a aplicação sobre a pele de substâncias nocivas pode produzir mudanças profundas e duradouras em seu comportamento e fisiologia.

Fica provado, portanto, que com os peixes ocorre o mesmo do que com os mamíferos superiores. Estes resultados permitem ao cientistas britânicos chegar à conclusão de que os peixes são sensíveis à dor. O primitivismo dos peixes começa a ter de ser reescrito cientificamente.

A presença de nociceptores que respondem a estímulos externos foi demonstrada graças a gravações eletrofisiológicas. A atividade neural foi registrada em um peixe anestesiado, cuja cabeça foi submetida a estímulos mecânicos, térmicos e químicos.

"Encontramos 58 receptores situados na cabeça da truta, que responderam pelo menos um estímulo", explica Lynne Sneddon, que dirigiu a pesquisa. Esta é a primeira vez que se demonstra em um peixe a existência de nocireceptores com as mesmas propriedades que a dos vertebrados, os pássaros e os mamíferos, incluindo os seres humanos.

"No entanto, os limites mecânicos das reações são inferiores aos da pele humana, o que pode se dever a uma fragilidade maior da pele do peixe", acrescentou Sneddon. Como a reação a uma substância nociva não é suficiente para demonstrar a percepção da dor, foi preciso demonstrar que o comportamento do animal é afetado de maneira negativa pela experiência dolorosa e que essas modificações do comportamento não são somente devidas a um reflexo.