Pratini assina Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos

10/06/2002 - 19h09

Brasília, 10 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil vai compartilhar como outros 115 países os resultados das pesquisas genéticas sobre mandioca cultivada – Manihot esculenta – desenvolvida por instituições públicas como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para tanto, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, assinou hoje (10), em Roma, durante a Cúpula Mundial da Alimentação: cinco anos depois, o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura.

Em contrapartida, o governo brasileiro terá acesso aos resultados das pesquisas fitogenéticas de outros 34 cultivos realizadas pelos demais signatários do tratado. Segundo Pratini de Moraes, a mandioca de cultivo foi incluída na lista porque é o único produto de origem brasileira. "Como o acordo objetiva manter o equilíbrio entre as regiões e os continentes, buscando garantir o acesso facilitado àquelas espécies importantes à alimentação da humanidade, nada mais justo que a mandioca faça parte da relação, junto com outros tubérculos e raízes", disse o ministro.

"É muito importante que o Brasil tenha assinado o tratado para que possa participar das negociações de ajuste de documentos (acordos de transferência de material) que regulamentarão o intercâmbio de materiais", explicou a pesquisadora Maria José Amstalden Sampaio, assessora da presidência da Empresa e integrante da delegação brasileira que negociou o tratado, em 2001, no Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Por ter na agricultura uma de suas principais fontes de divisas, o tratado torna-se crucial para o Brasil, assinalou Maria José. "Possuímos alta competência em pesquisa para o desenvolvimento de novos cultivares, mas somos altamente dependentes de recursos genéticos exóticos, ou seja, de plantas que foram trazidas de outros países." Para exemplificar, lembra que a soja e a laranja são originárias da China, o feijão e a batata, da Região Andina, o trigo e a aveia, do Mediterrâneo e o arroz e o coco, da Ásia. O milho tem origem no México, o girassol, nos Estados Unidos, o algodão, na Índia, e o sorgo, na Etiópia.

"Todos esses produtos têm grande importância na composição da agricultura brasileira e os recursos genéticos dessas espécies compõem a base dos programas de melhoramento que permitem o lançamento de cultivares de valor comercial", destacou a pesquisadora. Com a assinatura do tratado, acrescentou, o Brasil fornecerá material de suas coleções controladas pelo Governo Federal e poderá usar o material de todas as demais espécies incluídas na lista.