Quintão garante lisura na escolha de empresa que vai montar aviões para a FAB

20/08/2002 - 23h52

Brasília, 20 (Agência Brasil - ABR) - O ministro da Defesa, Geraldo Quintão e o Comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Batista rebateram hoje especulações em torno da aquisição de aviões caça para substituir os Mirage da Força Aérea, assegurando a lisura do processo de escolha da empresa que vai montar os aviões, pois não existe fabricante exclusivo para essas aeronaves. As peças são adquiridas em diversos países e reunidas pela montadora, segundo esclareceram. A Embraer, empresa multinacional, participa do processo em igualdade de condições com as demais, deixou claro o ministro.

O comandante Batista acompanhou o ministro da Defesa em entrevista coletiva, e explicou que esse trabalho envolve estudos com mais de mil folhas de papel e a participação de 60 oficiais graduados da Aeronáutica, a nível de engenharia e de experiência como pilotos, que analisam sob sua coordenação a escolha da melhor oferta.

O ministro Geraldo Quintão informou que o presidente da República deverá convocar o Conselho de Defesa Nacional para decidir qual empresa será contratada para a montagem dos aviões.

A substituição dos Mirage por 12 a 14 novos caças faz parte do projeto de modernização da Força Aérea Brasileira, apresentado ao Presidente da República pelo ministro Geraldo Quintão. Paralelamente, o Comando da Aeronáutica tem outros projetos em andamento, principalmente no que se refere aos Xavante, que segundo o brigadeiro Batista, só ainda estão voando em razão da criatividade dos técnicos da Força Aérea.

O processo de escolha da empresa que vai montar os aviões caça passará pelo cumprimento de 5 ítens. O primeiro avalia se o avião apresentado faz a melhor curva, qual sua capacidade de carga; o segundo, diz respeito à parte logística, quanto ao fornecimento de equipamentos de manutenção, incluindo o próprio motor. O terceiro, vê detalhes de ordem industrial, que a essa altura já foram aferidos pelas equipes da Força Aérea que visitaram as fábricas, "pois precisamos de um modelo moderno que dure 30 anos, como aconteceu com os Mirage, que agora serão desativados". O quarto item se refere ao preço dos acessórios, mísseis, armamentos, etc. O último item é sobre a possibilidade de transferência de tecnologia, que é muito importante para o país, ressalta o comandante Batista.

"Até hoje ainda não temos um radar para o avião Amx. Ele está sendo desenvolvido por empresas nacionais pois algumas que faziam este trabalho faliram. E, a Aeronáutica visa também estimular as empresas nacionais, por isso estamos esperando por uma solução nacional", afirmou.

A negociação do contrato com a empresa vencedora que vai montar os caças para a FAB deverá durar de 1 a 2 anos, sendo que a etapa de financiamento externo leva de 3 a 4 anos. De forma que o atual governo não dispenderá nenhum dinheiro e o próximo terá tempo até de rejeitar o contrato firmado, se quiser. "Não é porque o governo está a 5 meses do seu fim que eu vou me omitir", argumentou o ministro Geraldo Quintão, afirmando que um país que tem muito o que defender como o Brasil não pode descurar do potencial que precisa ter na sua força aérea.

O comandante Batista afirmou que haverá um hiato entre a desativação dos Mirage e a chegada dos novos aviões, que só poderão estar voando depois de 2007, e isso é preocupante para qualquer comandante que não se desapegue da sua obrigação profissional, observou.