Governo quer estimular pescadores artesanais a combater pesca predatória

06/09/2012 - 12h32

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Ministério da Pesca e Aquicultura quer estimular a organização de pescadores artesanais para que eles melhorem a renda e ajudem no combate à pesca predatória. "Ele [pescador] vende muito barato seu produto por não ter condições de armazená-lo. [O produto] é vendido a preço alto na ponta, porque a cadeia da pesca tem alto nível de intermediação", disse Marcelo Crivella ao participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.

Crivella explicou que o ministério estuda um Plano Nacional de Prevenção e Combate à Pesca Ilegal. Vão participar os comandos da Marinha, do Exército, da Aeronáutica e de órgãos ambientais. O objetivo é conter a exploração ilegal e predatória nas águas do litoral brasileiro, que já estão com cardumes reduzidos. Ele explicou que, além de proteger a fauna marítima na área litorânea, o ministério quer estimular a criação de peixes em rios, lagos, lagoas, reservatórios "para que o brasileiro possa consumi-lo a preço mais acessível”.

De acordo com o ministro da pasta, Marcelo Crivella, está em estudo a implantação do Plano Safra para a pesca, que deverá ser anunciado nas próximas semanas pela presidenta Dilma Rousseff. O plano vai destinar R$ 6 bilhões ao setor, dentro do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf). Vai também incorporar R$ 300 milhões ao orçamento do Ministério da Pesca para Assistência Técnica e Extensão Rural e R$ 100 milhões para a área de pesquisa.

Para Crivella, esses investimentos são importantes para frear o processo de extinção de espécies de peixes e, para isso, o país precisa criar bancos genéticos com a finalidade de repovoar os rios e lagoas. Há 37 espécies em processo de extinção que deverão ser priorizadas nos programas do ministério, segundo ele.

As 45 mil marisqueiras – mulheres que pescam siri e caranguejo nos mangues – vão poder tomar empréstimo de R$ 2,5 mil dentro do Plano Safra para a pesca. Assim, segundo o ministro, elas vão poder comprar fogão e panelas e cozinhar seu pescado para vender pronto.

O Ministério da Pesca pretende também estimular os pescadores a obter a carteira de pescador nas superintendências regionais. A carteira tem chip e será uma forma de eles serem conhecidos e ajudados pelo governo. "Antes, eles tinham que procurar o governo, agora nós queremos chegar a eles para que tenham melhores condições de vida”, disse o ministro, em entrevista, depois de participar do programa.

Edição: Talita Cavalcante