Pelo menos 12 nações árabes viveram 2011 sob tensão e violência

26/12/2011 - 10h04

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – De janeiro a dezembro de 2011, o mundo árabe viveu crises contínuas. Vários protestos marcaram reivindicações populares em meio à violência e a denúncias de violação de direitos humanos, corrupção e abusos políticos. Das 23 nações que compõem a Liga Árabe, 12 acenderam a luz de alerta em decorrência das cobranças dos manifestantes e das reações dos governantes. A tensão ainda predomina na região.

Egito – Em novembro e dezembro deste ano, foram promovidas eleições parlamentares no país com intensa participação popular. As eleições presidenciais estão previstas para o primeiro semestre de 2012. Os partidos religiosos conseguiram maioria. As eleições ocorreram nove meses depois de o então presidente Hosni Mubarak renunciar. Ele ficou mais de 30 anos no poder. Paralelamente, manifestações eclodem no país exigindo que a Junta Militar, que governa a região, passe o poder para os civis.

Tunísia – A exemplo do Egito, os eleitores tunisianos comparecem em massa às votações e elegeram na sua maioria parlamentares ligados a partidos religiosos. As eleições ocorreram depois de o então presidente Zine El Abidine Ben Ali, depois de 23 anos de governo, deixar o poder. Acusado de corrupção e violação de direitos humanos, Ele fugiu do país rumo à Arábia Saudita com a família.

Marrocos – Também entre os marroquinos os partidos religiosos ganharam maioria dos votos dos eleitores. As votações transcorreram em meio às manifestações populares. O rei Mohammed VI, que está há mais de dez anos no poder, adotou medidas para evitar revoltas. Na família real há divisões, um dos primos do rei defende a abertura política e critica a gestão de Mohammed VI.

Jordânia – Há 12 anos no poder, o rei Abdullah II mudou a equipe de governo e anunciou reformas. Também adotou a austeridade econômica. A proximidade com a política do governo dos Estados Unidos e a ocidentalização do país, entre outras questões, são alvos de reações populares. Nos últimos dias, houve protestos na região.

Iêmen – Pressionado pela comunidade interna, o presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há mais de três décadas, anunciou que deixará o poder e promoverá a transição. O mandato presidencial no Iêmen tem duração de sete anos, mas, a cada votação, Saleh tem sido reeleito. Nos últimos dias, houve uma série de protestos contra o governo.

Arábia Saudita – Recentemente o governo anunciou que mulheres poderão se candidatar e votar nas eleições parlamentares de 2012. A decisão é considerada uma inovação no país, onde homens e mulheres são tratados de forma distinta. O rei Abdullah Bin Abdel Aziz, no poder há cinco anos, declarou em 1992 que o país é uma monarquia absoluta islâmica governada pelos filhos e pelos netos do rei Abd Al Aziz Al Saud. Os protestos são isolados. Houve mutilação do corpo de manifestantes.

Iraque – Depois de dez anos de guerra, os últimos soldados norte-americanos deixaram o país no dia 18. No cargo há quatro anos, o primeiro-ministro Nuri Al Maliki enfrenta críticas e protestos internos. Com o regime parlamentarista, o presidente Jalal Talabani não é lembrando pelos manifestantes. Após a invasão dos Estados Unidos, em 2003, o Iraque busca a estabilidade política e econômica.

Líbano – Em clima de permanente tensão, o país saiu de uma guerra em 2007. Mal assumiu o poder em janeiro de 2011, o primeiro-ministro Najib Mikati enfrenta resistência internas e externas por suas ligações com o grupo Hezbollah. Antes dele, estava no cargo Saad Hariri. Os manifestantes reagem à nomeação de Mikati por acreditar que o Hezbollah exercerá o poder.

Síria – É o alvo das preocupações da comunidade internacional. Há denúncias, comprovadas pelas Nações Unidas, de violação aos direitos humanos, de mortes de crianças e mulheres, além de torturas e crimes sexuais. No poder há 11 anos, o presidente Bashar Al Assad é cobrado a atender aos apelos populares, mas resiste. Ele assumiu o governo com a morte do pai, Hafez Al Assad, que foi eleito presidente para cinco mandatos consecutivos.

Líbia – No dia 20 de outubro, o então presidente Muammar Khadafi foi capturado e morto. O país era considerado a mais longa ditadura que há no mundo. O governo está temporariamente sendo exercido pelo Conselho Nacional de Transição (CNT). O clima de tensão ainda persiste no país.

Argélia - No poder há mais de uma década, o presidente Abdelaziz Bouteflika é acusado de comandar o país de forma autoritária e não democrática. Cultos religiosos não islâmicos são limitados, assim como a ação da imprensa é alvo de proibições. Como no Egito, o governo decretou lei de emergência obtendo amplos poderes. As manifestações foram mais intensas no começo deste ano.

Mauritânia – O presidente Mohamed Ould Abdel Aziz governa com o apoio de uma junta militar, depois que houve um golpe em 2008. O clima no país é tenso em decorrência da disputa por poder entre as tribos existentes na região. As manifestações são repletas de imolações – que é o ato de atear fogo em si em protesto político, o que é uma prática antiga comum a alguns segmentos religiosos.

Edição: Juliana Andrade