Brasil tem boa condição fiscal e monetária para enfrentar agravamento da crise, diz Mantega

30/09/2011 - 20h00

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A solidez do sistema financeiro e consecutivos superávits, que permitiram o acúmulo de reservas, são fatores que protegem o país de eventuais choques e o deixam preparado para enfrentar um possível agravamento da crise econômica internacional, disse hoje (30) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao participar de fórum promovido pela revista Exame.

“O Brasil reúne hoje condições fiscais e monetárias para uma eventual ação anticíclica que poderá se fazer necessária”, observou Mantega. Ele disse que a solidez do sistema financeiro e os superávits são os pontos fortes do país neste momento. “Nós temos espaço para estímulos fiscais, embora eu dê preferência para os estímulos monetários que forem necessários”.

Ele explicou que essa preferência se justifica pelo fato de os ajustes não terem nenhum ônus, enquanto a concessão de estímulos fiscais gera custos. “Estímulo monetário não custa nada. Pelo contrário, quando se reduz a taxa de juros, reduz-se uma das principais dívidas que nós temos”, avaliou.

Os juros podem cair ainda mais, de acordo com ele, caso haja a necessidade de o  país combater os efeitos de um agravamento da crise. “As elevadas taxas de juros não são exatamente uma vantagem, mas, em uma situação como essa, têm margem para serem reduzidas”, ressaltou.

A recente queda na taxa básica de juros foi apontada por Mantega como responsável pela regulação do câmbio que, de acordo com ele, estava desequilibrado. “O nosso câmbio estava meio desregulado. Estávamos com excesso de valorização. O governo tomou várias medidas. Eu acho que a redução da taxa de juros ajudou a melhorar esse preço relativo [do dólar]”.

Outra vantagem do Brasil no enfrentamento da crise é, na opinião do ministro, a força do consumo interno. “Um fator muito importante que dá sustentação à economia brasileira é o dinamismo do mercado interno, o nível da demanda brasileira”, destacou. Segundo ele, o mercado brasileiro tem despertado o interesse dos países que dependem de exportações e estão com problemas para vender seus produtos. “Essas economias que dependem da exportação estão desesperadas e fazendo o diabo para poder exportar”, disse.

Para combater os danos dessa “concorrência predatória” foi que, de acordo com Mantega, o governo adotou o novo regime de tributação para veículos que elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados.

Edição: Lana Cristina