Mercado quer clareza em relação ao conteúdo digital que será incorporado a livros escolares

02/09/2011 - 20h15

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Editores estão em dúvida sobre como se dará a incorporação de conteúdos digitais nos livros destinados às escolas públicas brasileiras, concluíram hoje (2), na 15ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, participantes de debate sobre o tema.

Presente no evento ontem (1º), o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que o ministério está investindo em conteúdos digitais educacionais, demonstração de que essa é uma tendência que veio para ficar.

Existem dúvidas, entretanto, sobre como isso se dará na rede pública de ensino. A gerente executiva da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), Beatriz Grelet, disse que o setor tem conversado com técnicos e gestores do Ministério da Educação (MEC) “para tentar entender o que eles gostariam de estar incorporando aos próximos programas do livro didático”.

Segundo a gerente da Abrelivros, a preocupação é que as decisões tomadas sejam logo repassadas às editoras, para que elas consigam se preparar e participar das licitações. “Porque não são todas as editoras que estão no mesmo nível de desenvolvimento de produção de conteúdo digital”, explicou Beatriz.

Ela acrescentou que ainda não há clareza em relação ao que o MEC vai licitar para o próximo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). A expectativa, segundo Beatriz, é que o governo lance o edital do PNLD 2014, até o final do ano, já solicitando a incorporação de conteúdos digitais.

De acordo com Beatriz, ainda que seja importante a definição da incorporação desses conteúdos por parte do MEC, como forma de parâmetro para as editoras, vale lembrar que os conteúdos digitais educacionais não inviabilizam o uso dos livros em papel. “O que se quer, justamente, é uma integração das mídias digital e impressa, não a supressão do livro impresso. Nem isso é possível. Serão mídias complementares”.

De acordo com a Abrelivros, em média, cerca de 10% dos investimentos feitos pelas editoras de livros escolares, no ano passado, foram destinados a conteúdos digitais. “A tendência, daqui para frente, é que haja um aumento dos investimentos."

A Abrelivros reúne 25 editoras de livros escolares, cujo faturamento projetado para 2011 alcança R$ 2,4 bilhões, englobando os mercados público e privado. São associadas empresas que editam não só livros didáticos, mas todos os livros utilizados em salas de aula, como dicionários, livros paradidáticos, de literatura e livros do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).

Beatriz informou que, neste ano, para o PNBL 2012, foi fornecido à rede pública nacional de ensino o recorde de 162 milhões de livros, dos quais cerca de 92 milhões para o ensino médio e 70 milhões de livros para reposição e complementação do ensino fundamental. As compras do governo somaram investimentos de R$ 1,1 bilhão.

Edição: Lana Cristina