Para ex-ministro Reis Velloso, governo acerta quando anuncia contenção de gastos

30/08/2011 - 16h16

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Ex-ministro do Planejamento entre 1969 e 1979, o economista e fundador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), João Paulo dos Reis Velloso, considerou acertadas as medidas anunciadas ontem (29) pelo governo federal, visando a aumentar em R$ 10 bilhões a economia do governo este ano, por meio da ampliação do superávit primário.

“O Estado brasileiro gasta demais com os Três Poderes. Por isso, cobra demais [do contribuinte] e se endivida demais. Portanto, a presidenta Dilma Rousseff acertou porque, com elas [as medidas anunciadas ontem], vamos conter gastos. Fazendo isso, estamos poupando, o que gerará consequências muito significativas para a sociedade, como a diminuição da táxa básica de juros e a valorização do dólar. Isso ajudará a conter as importações e favorecer nossas exportações”, disse o ex-ministro em palestra comemorativa aos 47 anos do Ipea.

A partir desse ponto de vista, Reis Velloso acredita que amanhã (31), quando a previsão orçamentária do governo federal para 2012 será anunciada, o governo apresentará cortes que beneficiem a expansão da poupança e a contenção dos gastos de custeio, “que são correntes e aida estão muito elevados”.

No entanto, adverte, o governo precisa estimular a inovação. “Vivemos um momento de grandes oportunidades para o país, mas, para aproveitarmos isso, precisamos criar condições para que a capacidade de inovação seja universalizada. Isso só é possível com a participação de universidades, empresas e, também, da sociedade. Metade do PIB [Produto Interno Bruto] dos países desenvolvidos está diretamente relacionada à inovação e à geração e uso do conhecimento”, argumentou.

Para Reis Velloso, o governo acerta ao defender que os recursos do pré-sal sejam usados como ferramenta para o desenvolvimento econômico e social e, também, como mecanismo de transferência de renda. "Mas há outras coisas que precisam ser feitas, como melhor aproveitar o potencial da biodiversidade que só o nosso país tem e levar o conhecimento a todos os setores da economia e das camadas sociais. É uma ideia simples e, ao mesmo tempo, complicada de ser feita”.

Edição: Vinicius Doria