Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em seu aniversário de 18 anos, o Trem do Samba se tornou um festival, destacou hoje (7) seu organizador, Marquinhos de Oswaldo Cruz, em referência à ampliação do evento, que ganhou agora uma semana de duração e mais atrações. Tradicionalmente, o trem sai da Central do Brasil para o bairro de Oswaldo Cruz para celebrar o Dia Nacional do Samba, em 2 de dezembro, mas, neste ano, um palco montado no bairro da zona norte do Rio recebeu shows durante toda a semana.
Hoje, seis palcos simultâneos devem lotar as ruas da região, conhecida como Berço do Samba, e oito trens vão levar a festa do centro da cidade para lá. No ano passado, 15 mil pessoas fizeram essa viagem e se reuniram com cerca de 200 mil foliões em Oswaldo Cruz, acompanhando a festa apresentada em três palcos.
"A Grande Madureira, principalmente Oswaldo Cruz, talvez seja o maior sítio de memória da cultura popular carioca. Todos os bens de lá são simbólicos. É um lugar muito rico em cultura. Quando você faz uma atividade dessas, você oxigena as memórias coletivas para que lembrem de toda essa história. Esses bens ficam vivos", explica Marquinhos, que relembra: "O povo da Portela fazia essa viagem, na década de 20, para fugir da repressão policial".
O evento reúne sambistas de várias escolas de samba, como Portela, Império Serrano, Mangueira, Vila Isabel e Salgueiro. Quatro trens saem da Central do Brasil entre as 18h24 e as 19h24, levando uma multidão para a zona norte. Em cada um dos 32 vagões há música, e o trem só para quando chega a Oswaldo Cruz, 15 estações depois.
"O povo acolheu o Trem do Samba, e a Central é um lugar do povo. E é muito emocionante esse encontro das escolas coirmãs. É um pagode muito bom", se empolgou Tia Surica, da Portela.
Em um ano em que os transportes públicos foram tema de protestos e indignação, o sambista Monarco traduz o sentimento que leva algumas pessoas a refazerem em um sábado a viagem que repetem para ir e voltar do trabalho no caminho subúrbio-centro-subúrbio. "O povo quer brincar para esquecer o sofrimento. São 364 dias por ano de sofrimento. Hoje é o dia da alegria. A cada ano que passa, fica mais gostoso. Virou um festival", concordou o tradicional sambista.
Presentes ao Trem do Samba todo ano, as amigas Olinda Magalhães, de 67 anos, e Renata Labre, de 59, explicam a parte que mais gostam da atração. "Quando o primeiro trem chega à Estação de Oswaldo Cruz, todo mundo sai e sobe nas passarelas para receber os próximos. A estação vira uma grande roda de samba. É muito bom", disse Olinda.
Edição: Davi Oliveira
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