Carolina Sarres*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O segundo dia de negociações da 9ª Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Bali, na Indonésia, terminou hoje (4) sem avanços significativos sobre o impasse instalado nas negociações em torno da Rodada Doha, aberta há 12 anos e considerada estratégica para aumentar o volume do comércio mundial.
A maioria dos 55 membros que discursaram nesta quarta-feira pediram que o diretor-geral da organização, o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, converse com os países que ainda têm ressalvas em relação ao Pacote de Bali - as dez medidas que têm sido negociadas na conferência com o objetivo de viabilizar o encerramento da Rodada Doha.
"A 9ª Reunião Ministerial não pode ser a maçã que botou a Branca de Neve para dormir. Gerações vão nos julgar pelo que alcançamos aqui", alertou a ministra do Comércio da Alemanha, Anne Ruth Herkes. "Neste momento, o fracasso é, lamentavelmente, a hipótese mais provável. Se tivesse de apostar, apostaria 80% nessa hipótese", disse o presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, Vital Moreira.
No pacote, os principais temas são relacionados à facilitação do comércio (com a simplificação de regras aduaneiras portuárias) e à agricultura. As críticas são, principalmente, de que o acordo está desequilibrado. Para os países em desenvolvimento, o texto exige que a abertura de seus mercados às importações dos países desenvolvidos seja um compromisso taxativo. Em contrapartida, o acordo em agricultura para permitir a abertura dos países desenvolvidos não tem metas.
Outro impasse importante é a questão da Índia. Segundo o ministro do Comércio e da Indústria indiano, Anand Sharma, qualquer acordo multilateral tem de estar de acordo com o compromisso do país em eliminar a fome. Sharma lembrou que o combate à fome é, inclusive, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas.
A agricultura é um tema sensível para a Índia, que subsidia o setor rural como estímulo à produção de alimentos à população de cerca de mais de 1,2 bilhão de pessoas e à manutenção de parte dessa população nas áreas rurais.
Neste segundo dia, além das negociações sobre o Pacote de Bali, a OMC aprovou a adesão do Iêmen à organização, que será oficializada 30 dias depois de ratificado o acordo pelo país. A OMC parabenizou o Iêmen pelas reformas que conduziu nos últimos 13 anos para entrar na organização. "Celebramos adesões não pelo que significa a um único país, mas ao que significa a essa organização", disse o diretor-geral Roberto Azevêdo.
*Com informações da Lusa, da Itar Tass e da agência de notícias da China, Xinhua
Edição: Davi Oliveira
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