Preso faz Enem para obter diploma do ensino médio

04/12/2013 - 14h00

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Obter a certificação do ensino médio é o objetivo de 77% das pessoas privadas de liberdade que fazem hoje (4) as provas de linguagens, códigos, matemática e  de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo o país. Esse é o caso do detento F.S.A., de 35 anos, que faz a prova no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. A certificação, segundo ele, é apenas o primeiro passo para no futuro buscar um curso superior.

“Com  o certificado de segundo grau na mão posso lutar por uma vaga em uma faculdade. O Enem hoje em dia é a porta de entrada para uma faculdade e não posso perder a oportunidade”, conta ele que abandonou a escola no 2° ano do ensino fundamental, retomou os estudos no presídio e este ano  pretende concluir o ensino médio.

A preparação para a prova do Enem vai além das aulas regulares no presídio. F.S.A. conta que alguns detentos formaram grupos de estudos nas celas e aproveitam também os horários de banho de sol e de visitas para estudar. “Tem sempre alunos com os mesmos interesses e ai nos juntamos. Às vezes um é bom em matemática, outro em português ai, um ensina o outro e facilita um pouco”, relata.

A intenção de F.S.A. é cursar o ensino superior quando passar para o regime semiaberto o que, segundo ele, deve ocorrer em pouco menos de dois anos. Cursos ligados à área de informática e o curso de sociologia são os preferidos.

Os detentos podem cursar o ensino superior de forma presencial quando cumprem pena em regime semiaberto ou de forma indireta, quando, mediante a autorização de um juiz, o interno tem acesso às gravações das aulas.

Na Papuda, 251 presos fazem a prova do Enem. Professores, policiais e familiares fazem a divulgação do exame aos detentos. O exame é aplicado também em unidade onde jovens cumprem medidas socioeducativas. Em todo o país foram 30.341 pessoas privadas de liberdade inscritas. Nesta edição do Enem, o número total de inscritos privados de liberdade aumentou 28,2% em relação ao ano passado.

Edição: Valéria Aguiar

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