Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Bastaram cinco segundos para que 31 pilares dos primeiros 1.050 metros do Elevado da Perimetral, no centro do Rio de Janeiro, fossem abaixo. A demolição da gigantesca estrutura ocorreu esta manhã (24) e foi mais uma etapa das obras para a construção de uma via expressa que ligará o Aterro do Flamengo, na zona sul, à Avenida Brasil e à Ponte Rio-Niterói. Mais de 5.104 toneladas de aço e 14 de concreto terão agora que ser removidas para a liberação da área. De acordo com o coordenador do processo de implosão, engenheiro Giordano Bruno Pinto, a limpeza do lugar deve demorar cerca de dois meses para ser concluída. “Agora vamos começar a retirar as telas, fragmentar o material, reciclar, tirar as vigas. Prevemos limpar a área toda para a execução das obras em 60 dias”, disse.
Cerca de 2 mil pneus preenchidos com areia amorteceram a queda, o que, segundo Pinto, evitou a formação de pó e fumaça excessiva durante tempo prolongado.
“O concreto não bateu direto no chão, então não houve a quebra intensa e, além disso, choveu muito, o que ajudou a absorver muito a poeira”, explicou. O peso da estrutura provocou a ruptura de duas tubulações de Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), mas a companhia informou que a vasão foi reduzida e não houve falta de água.
A estudante Mariana Souza passava com amigas pelo local e parou para testemunhar o acontecimento. Ela levou uma pedrinha de recordação. “Afinal, é um momento histórico, vou guardar para a posteridade”, justificou.
Cerca de 160 moradores da região, cujas moradias estão a cerca de 150 metros do local onde houve a implosão, tiveram que deixar suas casas no momento da detonação dos explosivos, mas foram autorizados a retornar logo depois.
O garçom Diogo Lírio, morador do bairro da Saúde, foi com a mãe, Fátima Lírio, ver de perto o resultado das detonações e ficou impressionado. “Foi tudo muito rápido. Fiquei surpreso, não vi nenhuma poeira. Gostei”, disse, acrescentando que agora espera que as ações na região se reflitam em melhorias para os moradores. “Espero que tragam comércio, moradias, movimento para o centro. Espero que essas obras tragam benefícios para os moradores”, disse.
Agora, serão construídos dois túneis de 4 quilômetros de extensão, uma avenida interna e implantado um sistema de veículos leves sobre trilhos (VLT), além de uma malha de ciclovias. Onde estão os galpões portuários será criado um calçadão, arborizado. Consequência do processo de revitalização, empreendimentos imobiliários e comerciais estão sendo construídos na região, como Aquário do Rio, a nova sede do Banco Central, a Fábrica de Teatro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Com 7 quilômetros de extensão, o elevado foi fechado definitivamente e teve alguns trechos demolidos no início do mês. A implosão estava marcada para o dia 17, mas a data foi adiada para mais testes de interdição.
Parte da demolição da Perimetral foi financiada pela parceria público-privada do Porto Maravilha. A segunda parte da derrubada, que vai até a rodoviária da cidade está prevista para ocorrer até o fim de janeiro com recursos da prefeitura, por meio de um empréstimo de cerca de R$ 590 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Inaugurada na década de 1960, a Perimetral serviu durante cerca de 50 anos como uma das principais vias de acesso entre o centro do Rio e as zonas norte e oeste e as cidades de Niterói e São Gonçalo. A solução definitiva para o trânsito, segundo a prefeitura, começará a ser sentida em 2015 e 2016.
Edição: Fernando Fraga
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