Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Pesquisadores e estudantes de geologia e astronomia de diferentes países farão uma expedição em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, neste fim de semana para buscar partes do mais raro meteorito do mundo e um dos mais valiosos. Chamado de Angra dos Reis ou Angrito, o meteorito caiu no mar de Angra há 150 anos. A expedição é uma das atividades do 4° Encontro Internacional de Meteoritos e Vulcões 2013, que começou hoje (7) e vai até domingo, no Instituto de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Duas pedras, que tem cor violeta e crosta brilhante, foram encontradas e, pelo encaixe, estudiosos concluíram que falta uma terceira peça até hoje desaparecida, além de fragmentos. Geóloga e uma das coordenadoras do evento, Elizabeth Zucolotto explicou que Angrito é quase tão antigo quanto o sistema solar, que tem 4,56 bilhões de anos.
“Não há nada igual ao Angra dos Reis. Ele é quase uma pedra filosofal, pois ajudaria a explicar como o sistema solar se formou tão rápido”, contou ela. “E quanto mais material encontrarmos melhor para os estudiosos. Se nós não encontrarmos [a parte desaparecida], pelo menos, faremos uma divulgação para que outras pessoas a procurem”.
Um dos pedaços encontrados, de 70 gramas, foi doado ao Museu Nacional e o outro, com mais de 6 kg, avaliada em mais de US$ 1 milhão, desapareceu. A pesquisadora contou que a peça doada ao museu chegou a ser roubada em 1997, mas foi recuperada.“Tentaram vendê-la a colecionadores a US$ 10 mil dólares o grama, mas felizmente o meteorito foi interceptado no aeroporto antes de ser enviado para os Estados Unidos”, contou ela.
O Brasil possui 62 meteoritos reconhecidos por cientistas, número baixo se comparado aos Estados Unidos, onde caíram mais de 2 mil meteoritos. Elizabeth lembra que muitos nem chegam a ser reconhecidos, “caem muitos também no Brasil, mas as pessoas não sabem. O que não temos é um órgão oficial para reconhecer esses corpos”.
A pesquisadora lembrou do meteorito que caiu em Pernambuco, em setembro, e que foi vendido para um colecionador brasileiro por R$ 18 mil. “Ele deixou à disposição para a pesquisa até ser classificado, o que deve levar pouco mais de um mês”, explicou a geóloga.
Para um meteorito passar a existir oficialmente e ser avaliado ele deve ser submetido ao NomCom e aprovado e publicado no Meteoritical Bulletin. Além disso, é necessária uma amostra de pelo menos 20 gramas sob a tutela de um museu credenciado e 30g destinada à pesquisa em laboratórios.
Edição: Denise Griesinger
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