Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O resultado do leilão do Campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, ocorrido hoje (21) no Rio de Janeiro, repercutiu entre governistas e oposicionistas no Senado e na Câmara. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) foi o primeiro a usar a tribuna da Casa, assim que o leilão terminou. Ele lamentou as cenas de violência protagonizadas por manifestantes e forças de segurança no Rio de Janeiro e classificou o leilão como “entrega do patrimônio” brasileiro.
“O leilão tem uma importância muito mais fiscal do que propriamente para a expansão da produção nacional de petróleo. É um tremendo contrassenso, que ajudou a reduzir o interesse na disputa e, consequentemente, os ganhos para o país. O governo Dilma precisa dos R$ 15 bilhões que serão arrecadados a título de bônus de assinatura para fechar suas contas e produzir um superávit menos feio este ano”, disse.
Ignorando as críticas da oposição, o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) comemorou o que classificou como “a melhor notícia do ano”. “Foi uma grande vitória para o Brasil e os brasileiros. É um dia histórico”, disse. Na avaliação do líder petista, o leilão do Campo de Libra vai alavancar a economia brasileira e trazer mais recursos para setores importantes de interesse social. “Quanto mais rapidez na exploração, mais recursos para saúde e educação”, destacou.
Mais cauteloso e evitando críticas diretas ao leilão, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) manifestou preocupação que os dados da Petrobras tenham sido acessados pelo governo dos Estados Unidos e que talvez as empresas americanas não tenham participado do leilão por causa dessas informações. “O futuro vai dizer, efetivamente, se a forma como foi licitado o Campo de Libra vai atender ao interesse nacional. Espero que sim. Espero que daqui a alguns anos a gente reconheça que a forma foi a melhor”, disse.
Rollemberg, no entanto, pontuou que, uma vez licitado o Campo de Libra, fica a necessidade de que o governo apresente, brevemente, um plano de contingência para evitar desastres ambientais. “No momento em que o Brasil licita um campo com grandeza extraordinária, nós não temos esse plano de contingência. O governo precisa vir a público apresentá-lo. Não podemos transformar uma potencial riqueza, que é o petróleo do pré-sal, no risco de termos um desastre ecológico”, declarou.
Um consórcio formado por cinco empresas – a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, as chinesas CNPC e Cnooc e a Petrobras – foi o vencedor da 1ª Rodada de Licitação do Pré-Sal e terá o direito de explorar e produzir o petróleo da área de Libra, na Bacia de Santos. Dos 70% arrematados pelo consórcio, 20% são da Shell e 20% da Total. A CNPC e a Cnooc têm, cada uma, 10%, assim como a Petrobras, que tinha garantidos 30%. A oferta do leilão garante à União 41,65% do lucro do óleo retirado do Campo de Libra.
Edição: Aécio Amado
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