Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires – A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, “já está no quarto, de ótimo humor e cumprimentando todos”, disse hoje (8), o porta-voz do governo, Alfredo Scoccimaro. O anúncio, na porta do Hospital Universitário Fundacion Favaloro, foi recebido com aplausos por um grupo de pessoas que esperava o primeiro boletim médico sobre a saúde de Cristina. A presidenta foi submetida a uma cirurgia, na manhã desta terça-feira, para retirar um coágulo na cabeça.
O coágulo apareceu depois de uma batida na cabeça, no dia 12 de agosto. Na época, Cristina Kirchner fez uma tomografia computadorizada, mas os resultados foram normais. Ela só sentiu os primeiros sintomas no final de semana passado: enxaqueca e formigamento no braço. Submeteu-se a novos exames, que indicaram a presença de um hematoma subdural (acúmulo de sangue entre a meninge e o cérebro), que teria que ser drenado, mediante uma operação.
Em entrevista à Agência Brasil, o neurocirurgião Jose Maria Otero, do Hospital Aleman, disse ser comum um paciente perceber muito tempo depois os sintomas de uma pancada na cabeça. “O sangramento pode ser menor e a pessoa só vai sentir os sintomas quando o sangue se acumular, pressionando o cérebro”, explicou o médico. Uma vez retirado o coágulo, o cérebro volta ao seu estado normal.
A recuperação também costuma ser rápida. “Em 48 horas, o paciente já pode se levantar e caminhar”, disse Otero. “Mas aconselhamos que mantenha repouso relativo, ou seja, que descanse e evite estresse, por um período que pode variar de 15 dias a um mês”. O neurocirurgião admitiu que nem sempre os pacientes podem ou querem cumprir as ordens medicas.
A cirurgia de Cristina Kirchner coincide com a reta final da campanha para as eleições legislativas de 27 de outubro. No final do mês, os eleitores vão renovar metade da Câmara e um terço do Senado. Se Cristina se afastar por completo – além de não participar de atos políticos – deixará o governo nas mãos do vice-presidente Amado Boudou. Apesar de manter um baixo perfil, Boudou tem sido o maior alvo de criticas da oposição. Ele responde a processos por enriquecimento ilícito e corrupção.
Próximo boletim sobre o estado de saúde da presidenta da Argentina será divulgado amanhã.
Edição: Aécio Amado
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