Atualizada - Termina sem acordo audiência para desocupação da reitoria da USP

08/10/2013 - 20h53

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Após a audiência de conciliação proposta pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ter terminado hoje (8) sem uma solução, os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) disseram que pretendem manter a ocupação do prédio da reitoria da universidade. Eles ocupam o prédio desde o dia 1º de outubro em protesto por eleições diretas para reitor, votação paritária entre as três categorias (alunos, funcionários e professores) e fim da lista tríplice, que confere ao governador do estado a escolha do reitor entre os três mais votados.

“Lamentamos profundamente que a reitoria da universidade tenha entrado com esse pedido, mesmo com os estudantes deixando claro, desde o início do movimento, a disposição ao diálogo e à negociação. A Reitoria da USP entrou com pedido de reintegração de posse mesmo que a disposição dos estudantes fosse essa [de negociação]”, disse Pedro Serrano, diretor do Diretório Central dos Estudantes da USP.

Ao falar com a imprensa após ter participado da audiência ocorrida esta tarde na 12ª Vara da Fazenda Pública, Serrano declarou que os estudantes pretendem continuar ocupando o prédio até que seja aberto um processo de diálogo e de negociação com a reitoria. “Infelizmente, a postura da reitoria da universidade foi de intransigência, truculência e de não dar um passo atrás para resolver um problema e um conflito que é político na USP”, disse.

A reitoria, segundo ele, quer os estudantes desocupem primeiro o prédio para só depois abrir uma negociação. “Consideramos essa atitude absurda e não sairemos do prédio da universidade enquanto não for aberto imediatamente o processo de negociação e de diálogo”, completou.

O juiz Adriano Laroca, que intermediou a tentativa de negociação, terá o prazo de 48 horas para dar sua decisão sobre o pedido de reintegração de posse da reitoria. Os estudantes tentaram agendar uma nova reunião para a próxima semana, mas a reitoria não aceitou, dizendo que pretende solucionar o impasse até o fim desta semana.

Após participar da audiência, Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da universidade (Sintusp), disse que o juiz esteve o tempo todo aberto para tentar uma negociação entre as partes. No entanto, segundo ele, a reitoria da universidade se recusou a negociar enquanto os estudantes continuarem ocupando o prédio. “O Rodas [João Grandino Rodas, reitor da USP] disse, por meio de seus representantes presentes à audiência, que não tem negociação sem que haja desocupação. O juiz chegou a colocar que eles estavam sendo intransigentes e, mesmo assim, a posição foi esta. Não houve acordo e agora vamos esperar o pior, que é a reintegração de posse com polícia, como já aconteceu”, disse Carvalho.

Para discutir a questão da ocupação da reitoria e da greve dos funcionários, o Sintusp agendou uma assembleia para a próxima quinta-feira (10).

Já os representantes da Associação dos Docentes da USP (Adusp) deixaram a sede do Tribunal de Justiça sem falar com a imprensa. O mesmo ocorreu com os representantes da reitoria da USP. Procurada mais tarde pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da universidade informou que a reitoria não se pronunciará sobre a reunião e que vai esperar a decisão do juiz sobre o pedido que de reintegração de posse.

Enquanto a audiência ocorria a portas fechadas, do lado de fora dezenas de estudantes se manifestavam contra o reitor com batucadas, gritos, coreografias e músicas. O ato foi pacífico e a Polícia Militar estimou a presença de cerca de 100 estudantes.

Amanhã (9), os estudantes da USP pretendem fazer mais uma manifestação. Desta vez, na Avenida Paulista, a partir das 16 horas. Eles deverão se concentrar no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Depois sairão em passeata até a sede da Assembleia Legislativa, próxima ao Parque Ibirapuera.

 

Edição: Aécio Amado

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