Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A falta de uma legislação no Brasil que tipifique o terrorismo como crime é um dos grandes desafios na área de segurança que o país precisa resolver antes da Copa do Mundo de 2014. A avaliação é de dirigentes da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que participaram hoje (19) do Seminário Internacional sobre Terrorismo e Grande Eventos, promovido pelas comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado.
“Hoje, nós atuamos de forma preventiva, acompanhando possíveis alvos, situações que podem estar relacionadas com o tema terrorismo, mas infelizmente muitas vezes a falta de uma legislação e de uma tipificação especifica impede uma atuação mais efetiva da Polícia Federal e da Abin”, lamentou o diretor-geral de Inteligência da Polícia Federal, José Alberto Iegas.
Iegas reconhece que a ausência de uma legislação específica é um risco grande, já que hoje um incidente desse tipo teria que ser enquadrado em outros crimes previstos na legislação penal, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Na Câmara, nove projetos que tratam do combate ao terrorismo foram reunidos e estão com a tramitação parada. Apensados – quando tramitam anexados - ao Projeto de Lei (PL) 2.462/1991, eles aguardam a criação de uma comissão especial para serem discutidos e levados a votação em plenário. No Senado, o tema foi incluído na proposta de reforma do Código Penal e também é objeto do PLS 728/2011, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
A expectativa das autoridades é que o Congresso aprove ainda este ano uma legislação contra o terrorismo. Para a PF, que encaminhou várias sugestões a esses projetos, é fundamental que o texto tipifique o terrorismo ante a realidade nacional e estabeleça como será o processamento e a investigação desse tipo de crime.
O diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, o Brasil é signatário de todas as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o terrorismo e assumiu um compromisso internacional de cooperar para a segurança da sociedade mundial. Para Trezza, embora o país não seja alvo do terrorismo internacional, pode ser palco de uma ação terrorista em função dos grandes eventos.
O dirigente da Abin defendeu que a área de inteligência seja fortalecida. “Certamente, todos têm a percepção de que ela precisa ser ampliada. Nós precisamos de suporte legal para o desenvolvimento da atividade de inteligência no Brasil, de recursos orçamentários e financeiros adequados para o desenvolvimento dessas atividades com eficiência e eficácia e precisamos também de um acesso muito maior aos recursos tecnológicos atuais e ao emprego de técnicas operacionais dos quais essa tecnologia faz parte”, admitiu.
Edição: Davi Oliveira
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